Vanderlan Bolzani recebe prêmio internacional

Fotógrafo: João Pires/LBF
02/08/2011 - 03h14

Vanderlan da Silva Bolzani, professora titular do Instituto de Química de Araraquara da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e membro da coordenação do programa BIOTA-FAPESP, será homenageada nesta terça-feira (2), durante o 43º Congresso Mundial de Química da União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac, na sigla em inglês), como 2011 Distinguished Women in Chemistry or Chemical Engineering. Concedido pela Sociedade Química Norte-Americana (ACS, na sigla em inglês), o prêmio visa a reconhecer e promover o trabalho de químicas e engenheiras químicas em todo mundo. 
Bolzani é a única brasileira e representante da América Latina entre as 23 cientistas de diversos países que receberão a distinção. Entre elas também está a ganhadora do prêmio Nobel de Química em 2009, Ada Yonath.
“Fico muito feliz com o prêmio. Gosto muito do que faço e é muito bom ver que meu trabalho está sendo reconhecido. Mas o interessante é que eu não sou química. Fiz minha graduação em farmácia, mas dediquei minha vida inteira à química. Por isso, me sinto química”, disse Bolzani à Agência FAPESP.
A cientista também foi escolhida juntamente com mais cinco outras premiadas para ser uma das conferencistas de um simpósio sobre a representatividade da mulher na ciência, que ocorrerá no mesmo dia da cerimônia de premiação.
O evento, que integra a programação oficial do congresso da Iupac, será realizado em um momento bastante oportuno porque este ano se comemora o centenário do prêmio Nobel de Química de Marie Curie.
A cientista polonesa foi a primeira mulher a receber a maior premiação científica e a única laureada com o prêmio em duas áreas científicas – em 1903 ela também ganhou o prêmio Nobel de Física com seu marido, Pierre Curie, e o francês Antoine Henri Becquerel por suas descobertas no campo da radioatividade.
“Mesmo com todos os avanços e sabendo que na universidade trabalhamos em condições iguais às dos homens, vemos que o mundo ainda é muito machista. E é inegável que a mulher hoje representa uma força de trabalho real, que contribui para o desenvolvimento socioeconômico mundial”, disse Bolzani.
Natural de Santa Rita (PB), a pesquisadora é graduada em farmácia pela Universidade Federal da Paraíba. É mestre em química orgânica e doutora em ciências, ambos os títulos obtidos pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP).
Está no quadro docente da Unesp desde 1980. Possui pós-doutorado pelo Departamento de Química no Instituto Politécnico e Universidade Estadual de Virgínia, Estados Unidos, com Bolsa da FAPESP.Obteve título de livre-docente pelo Instituto de Química da Unesp em 1996, foi presidente da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) no período de 2009-2010 e foi designada no início de 2011 para compor o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Em 2010, Bolzani também recebeu outro título até então inédito para um pesquisador da América Latina: o de fellow da The Royal Society of Chemistry, uma das mais conceituadas e tradicionais sociedades científicas do mundo.
Mas diz ter ficado mais feliz com o prêmio 2011 Distinguished Women in Chemistry or Chemical Engineering porque, segundo ela, a distinção representa o reconhecimento da importância das mulheres para o avanço da ciência. “Esse prêmio é um duplo reconhecimento tanto do meu trabalho como pelo fato de eu ser mulher”, afirmou.

Talento científico
Além de Bolzani, outro pesquisador brasileiro que receberá uma distinção do evento é Luís Octavio Regasini. Atualmente realizando pós-doutorado com Bolsa da FAPESP no Instituto de Química da Unesp de Araraquara, Regasini foi selecionado no Iupac Young Scientists, concedido pelos organizadores do evento a jovens talentos científicos de países em desenvolvimento.
Como prêmio, o pesquisador teve todas suas despesas de viagens pagas para participar do congresso. “Ele é um jovem cientista muito talentoso. Espero que assim que ele terminar o pós-doutorado obtenha muito sucesso”, disse Bolzani.
A pesquisadora foi orientadora de Regasini em seu doutorado, também feito com Bolsa da FAPESP.