TRISTE VIDA DE PANDEIRO

03/08/2011 - 18h04

O pandeiro nasceu para apanhar! Tal qual trabalhador, que levanta cedo, perde horas em uma condução lotada, vive à revelia de um chefe mal humorado e ganha pouco para sustentar uma família sedenta por um futuro melhor, ele nasceu, definitivamente, para apanhar.
Quando sai da loja, bonito, com uma pele retesada, um tambor bem apanhado e com brilhantes platinelas, o pandeiro tem sonhos. Quer arrancar inveja dos homens e suspiros das mulheres. Quer ser amado. Quer, enfim, brilhar. Mas quando chega a hora, ele apanha, apanha, apanha, até formar bolhas nos dedos do algoz! Enquanto a menina samba, o padeiro apanha. E como apanha o coitado do pandeiro!
O que o triste pandeiro não sabe é de sua fundamental presença. Sem ele, o samba perde a graça, a menina perde o rebolado, a turma perde o ritmo. O que o pandeiro não sabe é que, para ser ouro, preciso é passar pelo fogo!