Para deputado Edinho Silva, que contribuiu para a instalação como prefeito, Araraquara passa a ser referência em pesquisa sobre a bebida
Fotógrafo: João Pires/LBF
13/08/2011 - 03h13
“A partir de agora, Araraquara passa a ser referência para São Paulo e para o Brasil, quando o assunto for produção de aguardente”. A avaliação é do deputado estadual e presidente do PT de São Paulo, Edinho Silva, que participou na noite de quinta-feira, 11 de agosto, da inauguração do Centro de Pesquisa da Cachaça da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Unesp de Araraquara.
O Centro nasceu a partir de um projeto idealizado pelo professor doutor João Bosco Faria, quando atuou como Coordenador de Políticas Públicas Inovadoras da Prefeitura de Araraquara no primeiro mandato do então prefeito Edinho Silva. O investimento total no centro de pesquisa foi de R$ 1,2 milhão, dos quais R$ 500 mil vieram do Ministério da Ciência e Tecnologia e R$ 300 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp).
Prestigiaram o evento de inauguração também o vice-reitor em exercício da Unesp, Julio Cezar Durigan, a pró-reitora de Pesquisas Maria José Soares Mendes Giannini, o diretor da Faculdade de Farmácia, Sandro Roberto Valentini, professores e alunos da Unesp e produtores de cachaça da região e de diferentes regiões do Estado. O secretário do Desenvolvimento Econômico, José Roberto Cardozo, representou o prefeito Marcelo Barbieri.
Ex-aluno da Unesp, Edinho ressaltou o papel da universidade como desenvolvedora e propagadora do conhecimento e propulsora da economia. “Este centro de pesquisa é mais um símbolo da interação da Unesp com a comunidade, pois vai melhorar da qualidade de um produto brasileiro e agregar valor à cachaça, possibilitando sua exportação e melhorando, conseqüentemente, a qualidade de vida dos produtores”, disse.
O parlamentar acrescentou que o centro de pesquisas se tornou realidade graças não apenas ao sonho, mas também à perseverança do professor João Bosco Farias. “Acompanhei de perto o trabalho do João e, pelo menos três vezes, estivemos juntos em Brasília em busca de recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia”, comentou.
Emocionado, Faria afirmou que o momento era de “alegria transbordante” pela concretização do projeto. “Aqui, vamos oferecer cursos de pós-graduação, mas também de capacitação e profissionalização aos pequenos produtores de cachaça. A proposta é melhorar a qualidade da cachaça produzida na região e, dessa forma, possibilitar a exportação do produto”, explica.
Instalado em prédio de 400 metros², no campus da Faculdade de Farmácia, o Centro de Pesquisa da Cachaça conta com dois alambiques de 300 litros cada e um de 1000 litros de capacidade, além de um alambique de coluna. A unidade também conta com moenda própria e um conjunto de tonéis de carvalho para envelhecimento. De acordo com Faria, os equipamentos vão permitir a produção bidestilada e até a redestilação da cachaça, procedimentos que melhoram significativamente a qualidade do produto.
O professor vem trabalhando em técnicas para melhoria da qualidade da cachaça desde 1982 e afirma que, neste período, já houve avanços entre produtores que participaram de cursos organizados pela Unesp em parceria com o Sebrae. “Em Araraquara mesmo já há fabricante exportando por conta do nosso processo de envelhecimento do produto”, comenta.
O diretor da Faculdade de Farmácia, Sandro Roberto Valentini, disse que o Centro de Pesquisa da Cachaça vai servir, também, para mitigar o preconceito em relação à bebida. “Consumida com moderação, a cachaça de alta qualidade, como a que as pesquisas aqui desenvolvidas vão buscar, não tem porque ser discriminada. Ao contrário, pode se tornar uma rica fonte de divisas para o Brasil se direcionada ao mercado internacional. Hoje, o Brasil produz 1,3 bilhão de litros de aguardente de cana por ano e só exporta 1% desse volume, a Escócia, que produz 300 milhões de litros, exporta 90% da produção”, disse.
Valentini enfatizou o apoio do então prefeito Edinho Silva para que o Centro de Pesquisa se tornasse realidade. “Essa interação do município com a universidade é fundamental, a Unesp sempre foi presente na vida da comunidade e esperamos intensificar nossas ações”, disse. A pró-reitora de pesquisas Maria José Soares Mendes Giannini acrescentou que o Centro de Pesquisa representa mais uma das ações da área de extensão da universidade. “A partir das nossas pesquisas, toda a cadeia produtiva da cachaça vai ganhar”.
Para o reitor em exercício, Julio Cezar Durigan, a administração de Edinho como prefeito deu exemplo de como deve ser a relação do município com a universidade. “Isso é o que eu chamo de retroalimentação, pois a universidade oferece conhecimento por meio das suas pesquisas e, ao mesmo tempo, tem oportunidade de expandir sua área de atuação por meio da prestação de serviços à comunidade”, salientou. Durigan afirmou que a Unesp está presente em 22 cidades, com 33 faculdades e, em todas elas, tem algum tipo de serviço prestado à população.
Centro de Pesquisa já realiza primeiro curso
Inaugurado na noite desta sexta-feira (12), o Centro de Pesquisa da Cachaça já realiza, nesta sexta-feira e sábado, 12 e 13 de agosto, o primeiro curso de capacitação. Com duração de 16 horas e fornecimento de certificado, o curso tem a participação de 120 pessoas, a maioria produtores da região.
Um dos convidados como palestrante no curso é o professor doutor John Raymond Piggot especialista escocês em wisky e que, já há alguns anos, vem se dedicando à pesquisa sobre a qualidade da cachaça brasileira.
O Centro de Pesquisa também está presente na internet por meio do Portal da Cachaça. O espaço traz informações sobre a história da cachaça no Brasil, representatividade econômica do produto para o país, assim como trabalhos científicos sobre a bebida. O acesso é feito pelo link WWW.fcfar.unesp.br/portaldacachaca.