Um novo olhar para a cultura: sua representatividade em momento de crise

08/05/2020 - 01h47

Artigo

Em tempos de pandemia, de Covid-19, a cultura, no campo da arte, se mostra como um serviço essencial. É o que move os longos dias que precisamos ficar em casa para garantir a saúde de uma sociedade. Uma pandemia com função educativa, que nos mostra a grandeza da tribo em que vivemos e que somos, com a necessidade de olhar, perceber e respeitar o próximo. 

Cultura é um termo que nos remete a várias questões relacionadas aos nossos conhecimentos, escolhas, crenças, arte, moral, costumes, entre outras, que estão completamente ligadas a tudo o que vivenciamos e adquirimos durante nossa formação pessoal e também enquanto membros de uma sociedade, num processo de acúmulo, que passa por gerações. 

Nos traz uma riqueza imensa de possibilidades e se coloca como uma ferramenta importante no sentido de trabalhar identidade, autoestima, disciplina, motivação, proporciona um sentimento de pertencimento, além de contribuir com a reversão de problemas com criminalidade e consumo de drogas. 

E hoje, as impossibilidades de viver e conviver com essa grande tribo e o aprendizado de uma nova forma de viver, com a necessidade do isolamento social, faz da arte um potente agente de transformação e geração de bem-estar. A pandemia expõe a fragilidade do ser humano e a arte se mostra como um remédio para promover dias mais sadios. 

É por meio da arte, em suas variadas linguagens, que nos conectamos no período de crise. A cultura, que nos tira da monotonia, virou uma aliada na luta contra um inimigo invisível que afastou as pessoas, adiou encontros, trouxe saudade e solidão e potencializou paranoias que podem levar para um caminho de insanidade mental. 

Nesse contexto, vemos o quanto a cultura importa e como os serviços que anteriormente eram vistos como essenciais ficam em segundo plano, como por exemplo zeladoria, que é uma cobrança constante do cidadão. Tudo passa por adaptação, até mesmo a educação, fundamental em qualquer etapa da vida, fechou suas portas físicas e abriu janelas de um espaço digital, uma questão que traz para a pauta situações de privilégios e exclusão. 

O papel da arte nesse momento também é de garantia de saúde. Representada por todos os artistas que preenchem os momentos de isolamento de cada um de nós, como músicos com suas lives, bailarinos e atores com seus vídeos nas redes, músicas, séries e filmes nas plataformas de streaming, poetas e escritores com seus pensamentos e reflexões publicadas, a cultura ameniza as dificuldades que nos assolam nesse período conturbado. Traz leveza, gera empatia e entretenimento, transmite ideias e sentimentos, além da interação, que permite uma pausa no isolamento, especialmente das reflexões e da mente. 

Nosso olhar para a cultura e para a arte precisa ser cada vez mais gentil, progressista e fraterno, garantindo o espaço que a cultura realmente merece na nossa sociedade. Uma oportunidade de valorizar e valorar de forma mais digna e justa toda uma classe que, em momentos de crise como o que vivemos, se coloca como conforto e amparo para todos nós e estende a mão de forma gratuita.

 

Michel Kary

É publicitário, artista, produtor cultural e estudante de Direito