"Não vamos sair comprando vacinas, mas poderemos agilizar"

Grupo 'Unidos pela Vacina', que conta com o apoio da empresária e de outros executivos, como os presidentes de Gol e Suzano, quer pavimentar caminho para que os brasileiros sejam imunizados, no...

Autor: Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil - Brasília
Fotógrafo: Reprodução Twitter / Centro de Operações Rio
Fonte: https://www.terra.com.br/economia/nao-vamos-sair-comprando-vacinas-mas-poderemos-agilizar,3718c741406b40f427e41b01ad6ac65b7pg7m4w5.html 09/02/2021 - 21h27

Economia

Com a leitura do setor privado de que a vacinação no Brasil caminha em ritmo lento e com o consenso de que a imunização em larga escala é o único caminho a ser trilhado para garantir a recuperação da economia, um grupo de empresas, liderado por Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, lançou nesta terça-feira o 'Unidos pela Vacina'. O objetivo é convocar a sociedade civil para participar do movimento e pavimentar o caminho para que todos os brasileiros sejam imunizados, no máximo, até setembro. Para lançar o movimento, ao lado de Luiza Trajano estavam o sócio da EB Capital, Duda Sirotsky Melzer e a consultora Betania Tanure.

Em tempos em que a população brasileira está cada vez mais polarizada, Luiza frisou que o movimento não tem a intenção de discutir política ou buscar culpados - 230 mil brasileiros já morreram de covid-19. "Não vamos sair comprando vacinas. O governo não precisa de dinheiro para comprar vacina, se a necessidade fosse dinheiro, seria mais fácil. Mas podemos agilizar, com influências de nossas empresas e ajudar a chegar vacina", disse Luiza, em coletiva de imprensa. "Estamos nos desafiando", afirmou.

A empresária contou que o grupo está trabalhando há cerca de um mês e já realizou, nesta semana, reunião com a fabricante russa de vacinas Sputinik. "O governo não esá precisando de dinheiro para comprar a vacina, mas de formas de conseguir trazer a vacina. O mundo inteiro quer a vacina. Nós temos empresas que estão na China, Índia, Estados Unidos que estão querendo ajudar nessa solução", afirmou. Nesse momento, o grupo está mapeando o que cada cidade precisa para dar ritmo à vacinação contra a covid-19. 

O movimento do Brasil já se organizou em grupos, cada um atacando uma frente. Um dos grupos, que está endereçando a comunicação com o governo, é liderado pelo Marcelo Silva, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV). "Os negócios só prosperarão se eliminarmos ou diminuirmos rapidamente os efeitos da covid-19", disse. Outro objetivo do grupo será de ampliar o nível de conscientização do brasileiro para a vacinação. Silva frisou que esse movimento não tem qualquer relação com o grupo anterior, que tinha como objetivo a compra direta de vacinas. "Não temos qualquer interesse comercial", destacou.

Outro subgrupo está direcionado à interlocução com os governos estaduais e, o terceiro, ao relacionamento com as prefeituras. As reuniões serão periódicas. "Já estamos mapeando os 'gaps' para acabar com os entraves", disse Betania. Segundo ela, o movimento 'Unidos pela Vacina' já tem um projeto piloto na cidade do Rio de Janeiro e no município mineiro de Nova Lima. Com a experiência nessas duas cidades, iniciativas podem ser espelhadas em outras localidades.

Haverá, ainda, subgrupos com foco em alguns dos entraves que já são identificados na cadeia produtiva. O presidente da fabricante de celulose Suzano, Walter Schalka, será responsável pelo grupo dedicado aos insumos e vacinas. O presidente da Gol, Paulo Kakinoff, liderará um grupo com foco na logística e armazenamento. Cristina Riscala, do Grupo Mulheres do Brasil, ficará encarregada pelo grupo que olhará para a aplicação da vacinação da população em si. Os grupos são formados por participantes do Grupo Mulheres do Brasil e outros empresários que já entraram no grupo.

"Somos focados na solução, não queremos reclamar, buscar culpados, olhar para trás e sim olhar pra frente. É um movimento apartidário", disse Betania."Não iremos comorar vacina, mas se for necessário poderemos pensar em transporte, logística e marketing. Nosso grande ativo não é capacidade financeira, mas nossa capacidade de mobilização", afirmou Melzer, da EB Capital. "Está todo mundo comprometido em vacinar todo mundo até setembro", afirmou. A última reunião do movimento teve cerca de 400 participantes do setor privado, formado de empresários, profissionais liberais e entidades.