Avaliação em córregos de Araraquara mostra situação preocupante

11/10/2011 - 02h27

Os alunos da primeira turma do curso de pós-graduação “MBA em Gestão Ambiental” do Centro Universitário de Araraquara - Uniara realizaram, no sábado, 8 de outubro, uma avaliação ambiental em dois córregos do município de Araraquara. Os córregos do Cupim e o Águas do Paiol foram avaliados pela presença dos invertebrados aquáticos, considerados bons indicadores ambientais em rios e córregos. A avaliação detectou situações preocupantes, incluindo poluição provavelmente acarretada por grande deposição de lixo e esgoto.
A atividade faz parte da disciplina “Monitoramento Ambiental” ministrada pelo coordenador do curso e pesquisador do grupo “Biologia Aquática” da Uniara, professor doutor Juliano José Corbi. A ideia era introduzir um método de análise utilizado em vários países, como os Estados Unidos, a Bélgica e a Inglaterra. Segundo Corbi, no Brasil, esse método de avaliação ambiental ainda é recente, mas também já está sendo utilizado pela Cetesb, no município de São Paulo.
“Esse tipo de avaliação ambiental é mais abrangente e mostra os possíveis impactos ambientais em longo prazo”, diz o professor. “Os invertebrados aquáticos, que vivem nos rios e córregos, nos dizem muito sobre o ambiente, pois estão em contato com ele continuamente e por muito tempo. Além disso, esses animais, por apresentar uma vida sedentária e se locomoverem pouco, nos mostram detalhes do local. Por todos esses fatores, eles são ótimos bioindicadores”, acrescenta.
Durante a avaliação, o grupo pode constatar algumas situações preocupantes, entre elas, animais com hemoglobina, típicos de ambientes com carga orgânica elevada. “A presença de hemoglobina em larvas de insetos aquáticos nos mostra a necessidade de auxílio na condução de oxigênio pelas larvas, o que demonstra baixa quantidade desse elemento no meio aquático”, esclarece Corbi. Essas larvas, contendo hemoglobina, foram coletadas em grandes quantidades no córrego do Cupim.
No córrego Águas do Paiol, local de abastecimento público de água para o município, a situação também é parecida. Além da ausência de matas ciliares, o grupo pode observar muito lixo urbano às margens do rio e baixa riqueza de espécies de invertebrados, o que também indica um ambiente altamente impactado. “Nesse rio, não encontramos larvas contendo hemoglobina, o que provavelmente aponta para ausência de carga orgânica, mas também não encontramos animais de águas limpas, o que nos indica outro tipo de impacto ambiental, como, por exemplo, lixo e ausência das matas ciliares no entorno”, lamenta o docente.
Para Corbi, a atividade foi muito importante para ensinar os alunos a interpretar análises ambientais de forma mais abrangente, ou seja, análises que evidenciam impactos sobre a vida dos seres vivos e, consequentemente, para o ser humano. “Gosto que os alunos pensem e interpretem. Quando os levo a campo, conversamos bastante e procuro ensiná-los a interpretar os rios. Nessa atividade ao ar livre, os alunos aprenderam a coletar animais, identificá-los em laboratório e, depois, interpretar os resultados”.