Edinho participa de mobilização em defesa do SUS

Para parlamentar, a construção do SUS é uma tarefa de todos, independente de partidos ou governos

26/10/2011 - 02h45

“Construirmos no Brasil um sistema que seja público, universal é uma tarefa imensa, de responsabilidade de todos nós. É um desafio maior que partidos e governos”. A defesa é do deputado estadual e presidente do PT do estado de São Paulo, Edinho Silva, que participou na tarde desta terça-feira (25) da Mobilização Nacional em Defesa do SUS. A atividade foi realizada na Assembleia Legislativa.
Edinho, que é membro da Comissão Permanente de Saúde, lamentou que o debate sobre o SUS, muitas vezes, se envereda para uma questão partidária. Na atividade de hoje, parlamentares da base do Governo Alckmin saíram da audiência após ouvirem questionamentos de sindicatos sobre salários pagos aos funcionários no estado de São Paulo.
“A construção do SUS é um desafio de todos nós que defendemos a universalização das políticas públicas. O SUS inspirou a educação, a assistência social e, certamente, irá inspirar outras tantas políticas”, disse.
Para ele, é impossível pensar na construção do SUS sem a valorização dos profissionais da saúde. “Hoje, no estado, temos profissionais paralisados reivindicando o justo direito à remuneração adequada e, mais que isso, chamando a atenção para o modelo de gestão colocada em prática, no qual os funcionários de OSs (Organizações Sociais) recebem mais que os funcionários concursados que todos os dias colaboram na construção do SUS”, afirmou.
Segundo Edinho, saúde de qualidade significa a remuneração adequada, o investimento e a capacitação dos servidores. Uma OSs, por exemplo, não acumula conhecimento, saber, capacitação e, portanto, não melhora a qualidade do atendimento. “O profissional das OSs hoje está lá, mas amanhã pode não estar. A relação dele não é de construção do sistema”.
“O problema de remuneração que os profissionais enfrentam não é do estado A, B ou C. Mas, não podemos dizer que em São Paulo não há esse tipo de problema. Seria omissão. Seria não enfrentarmos o debate concreto”, alertou.  
Edinho finalizou sua intervenção chamando a atenção para a importância do SUS como sistema universal. “Para aqueles que querem utilizar as debilidades do SUS como argumento para a privatização, nós temos que dizer 'não'. Nós defendemos o SUS”.
O presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Cid Carvalhaes, lamentou a postura antidemocrática dos parlamentares que saíram do plenário. Ao apresentar o demonstrativo de pagamento de um médico do Estado que, por 20 horas semanais, recebe pouco mais que R$ 511,00, Carvalhaes afirmou que “quem oferece essa remuneração não pode estar comprometido com a saúde pública”. O médico ainda criticou o descumprimento, por parte do Estado de SP, da aplicação obrigatória de 12% do Orçamento na saúde.
Já o presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, Renato Azevedo, lembrou que a audiência pública acontecia em um dia de mobilização nacional. Em pelo menos 21 Estados, houve protestos ou suspensão do atendimento em unidades de saúde, com participação de 100 mil profissionais.
No Estado de São Paulo, consultas eletivas foram suspensas nos hospitais Emílio Ribas, Servidor Público Estadual e no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. O "Movimento Saúde e Cidadania em Defesa do SUS" conta com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), entre outras entidades.
Para Azevedo, o SUS é a maior conquista do povo brasileiro dos últimos 100 anos e apelou ao governo do Estado para que crie um plano de carreira para os médicos, com salários compatíveis. “Tem que acabar com essa história que para o médico o serviço público seja um bico”, afirmou. Apelando mais uma vez ao governo do Estado, Azevedo solicitou que as reivindicações dos médicos de Ribeirão Preto, que estão em greve há 118 dias, sejam atendidas.