João Farias defende audiência pública para debater crise da Santa Casa

Vereador questiona cancelamento de cirurgias eletivas e fala em necessidade de abrir a caixa preta

11/11/2011 - 04h07

O vereador João Farias (PRB), líder do governo no Legislativo, é autor de requerimento convocando audiência pública para o dia 25 de novembro, às 19h30, no plenário da Câmara Municipal. O objetivo é debater a situação financeira e operacional da Santa Casa de Misericórdia. 
João Farias quer esclarecimentos sobre os critérios para a realização de procedimentos de alta, média e baixa complexidades; relatório sobre as contas do hospital; e, explicações sobre os motivos de o setor de cardiologia ser o único rentável à instituição, conforme afirmou em entrevista coletiva na tarde de quinta-feira, 10 de novembro.
Para Farias, o anúncio da suspensão das cirurgias eletivas feito durante a semana pela direção do hospital, representa “uma quebra unilateral da contratualização com a Prefeitura com graves consequências a quem mais precisa, que são aquelas pessoas atendidas pelo sistema público de saúde”.

Estranho

Na opinião do vereador, “o contrato precisa ser cumprido, o rompimento unilateral é uma atitude radical, uma irresponsabilidade, é uma medida criminosa”. João Farias questiona porque os procedimentos de alta complexidade, sobretudo na área de cardiologia, não são cancelados. “As cirurgias de alta complexidade são lucrativas, não atrasam e não são canceladas”, afirma.
De acordo com ele, “é, no mínimo, estranho que a cardiologia, que tem um custo de R$ 395 mil por mês, é o único setor não deficitário”. O vereador lembra que o setor é de responsabilidade de uma empresa terceirizada que tem entre os sócios o diretor clínico do hospital. “Não estou fazendo nenhuma acusação, apenas quero entender o que acontece”, diz.
A Santa Casa recebe da Prefeitura, mensalmente, segundo João Farias, aproximadamente R$ 2 milhões. “Nossos deputados têm se empenhado muito e têm conseguido obter recursos e verbas, estão sempre ajudando e a Santa Casa vive reclamando de constantes déficits financeiros. Por isso, acho que a ‘caixa preta’ deve ser aberta”, sentencia.

‘Atentado’

O parlamentar sugere que “a manutenção desta situação de extrema gravidade constitui um verdadeiro atentado à dignidade humana e pereniza o sofrimento de uma parcela significativa da população que fica refém da precariedade no atendimento”. 
O vereador entende ser necessário aprofundar as discussões sobre a situação da Santa Casa para “a adoção de medidas concretas visando à superação deste impasse e garantir a retomada do atendimento digno à população”.
Devem ser convidados o prefeito Marcelo Barbieri (PMDB); Regina Barbieri, secretária municipal da Saúde; Valter Curi Rodrigues, provedor da Santa Casa; Dimas Ramalho (PPS), deputado federal; Edinho Silva (PT) e Roberto Massafera (PSDB), deputados estaduais; Maria Tereza Luz Eid Silva, diretora Regional de Saúde; e, Rosana Nasser, presidente do Conselho Municipal de Saúde.