Mapa ganha múltiplos olhares com exposição contemporânea e atrativa

Fotógrafo: João Pires/LBF
25/11/2011 - 03h08

O Mapa – Museu de Arqueologia e Paleontologia de Araraquara, depois de passar por uma reestruturação na sala de exposição da área de Arqueologia - a que abriga o seu acervo permanente - nesta sexta-feira (25), às 18 horas, inaugura a exposição de longa duração, intitulada “Mapa: múltiplos olhares”.A concepção de “Mapa: múltiplos olhares” faz parte de um trabalho amplo, iniciado em fevereiro de 2010, destinado a construção do Plano Museológico do Mapa - documento que será uma ferramenta fundamental para o planejamento das atividades do museu nos próximos cinco anos.De acordo com a secretária municipal da Cultura, Euzânia Andrade, a Secretaria da Cultura, responsável pelo Museu, tem como objetivo suscitar o interesse do público sobre o universo da Arqueologia e da Paleontologia, “para buscar uma visão mais ampla sobre o assunto e a história em nossa cidade. Estamos especialmente agradecidos com o apoio a pesquisadora Drª Camila, a Fundação Araporã e a empresa Zanetini. Isso nos faz acreditar ainda mais no potencial da cidade quanto a sua referência como Polo Cultural Regional”. A abertura da exposição faz parte da programação da 8ª Semana do Patrimônio Histórico e Arquitetônico de Araraquara. Exposição - A exposição apresenta os resultados das discussões realizadas pelo grupo de estudos arqueológicos (GEA/ CEIMAM /UNESP), partindo da história do museu, seus objetivos, as ações em desenvolvimento. A ideia é trazer uma expografia contemporânea e atrativa que reflita uma arqueologia inovadora, que estuda o passado a partir das questões do presente. Questões como a função social do museu e da arqueologia, identidades culturais e desenvolvimento sustentável estão presentes na exposição, segundo a coordenadora geral da reestruturação, a arqueóloga Camila Moraes Wichers.A exposição se divide em três módulos. No primeiro deles, se destaca a atuação do Mapa, suas coleções, e a diferença entre Arqueologia e Paleontologia. Aqui está instalado um painel, com uma Linha do Tempo, localizando e situando Araraquara e o Estado de São Paulo no contexto mundial.As sociedades humanas que viveram nos campos de Araraquara são o mote do segundo módulo, revelando experiências de 10 mil anos atrás até o presente. A diversidade cultural, a forma sustentável dos recursos e a construção identidária são assuntos tratados nessa parte da exposição, assim como a relação estabelecida com os índios nos dias de hoje. Destaques para os dois cenários montados: “primeiros habitantes” e “diversidade cultural”.A última etapa apresenta as arqueologias do século XXI, retratadas pelo acervo do Mapa. São 40 gavetas portando as mais representativas peças das coleções do museu. O visitante pode aprofundar os seus conhecimentos de acordo com seu interesse e manusear as gavetas.Além das vitrines, gavetas e cenários que compõem os módulos, o local conta com painéis fixos para explicar assuntos relacionados à arqueologia e aos sítios arqueológicos. Fácil de ser entendida, a exposição não precisa de guia, pois ela “se explica”. Além de trazer questionamentos, o público infanto-juvenil conta com recursos didáticos para facilitar a compreensão.Em um dos painéis, por exemplo, o visitante é desafiado a localizar determinados objetos na exposição. Os painéis também esclarecem algumas curiosidades, como quando surgiram os objetos de barro, ou por que os objetos de pedra são tão importantes para a arqueologia. Muitas outras informações podem ser analisadas, inclusive como viviam os primeiros moradores da região ou como os arqueólogos estudam essas pessoas.A exposição traz ainda um vídeo institucional e educativo sobre os museus de Araraquara, de 18 minutos, produzido com a direção do cineasta Guilherme Bonini. Também, uma versão mais curta do vídeo foi produzida para a exibição. Objetivos - Segundo Virgínia De Gobbi, gerente da Secretaria Municipal da Cultura, o Mapa, hoje, é uma referência como uma das maiores e melhores coleções de arqueologia do interior de São Paulo, nas linhas de pesquisa de materiais em cerâmica e líticos, e  possui um acervo de mais de 40 mil peças, sendo que 90% delas estão armazenadas na reserva técnica, no CECRAD - Centro de Conservação e Recuperação de Acervos Diversos - Espaço Paulo Mascia, localizado na Praça Pedro de Toledo.O projeto tem como referência o trabalho de doutorado, na área de Museologia, da arqueóloga Camila, que assina a coordenação geral da reestruturação juntamente com Virgínia De Gobbi (coordenadora executiva) e Robson Rodrigues (arqueólogo, curador do acervo do Mapa). A equipe conta ainda com uma equipe multidisciplinar de peso: o arqueólogo Paulo Zanettini, a cenógrafa Cris Decot e as arquitetas Rita Aires Anderaos e Gabriela Farias. Camila lembra que a exposição passa por cinco trabalhos acadêmicos – entre teses de mestrado e doutorado – da USP, UNESP e UNICAMP. Além do seu trabalho e do arqueólogo Robson, também estão inseridos na pesquisa os trabalhos de Danilo Galhardo, Solange Nunes O. Schiavetto, e Fábio Grossi dos Santos. “É um acervo muito bem estudado para um museu tão jovem”, enfatiza Camila. De acordo com a pesquisadora, no interior de São Paulo, há outros três museus com o perfil de arqueologia: Monte Alto, Ouroeste e Iepê, porém o Mapa ganha vantagem com um acervo tão diversificado da região.Este acervo conta, por exemplo, com peças das pesquisas realizadas em 36 municípios do interior paulista, como Pirassununga, Olímpia, Arco Íris, Boa Esperança do Sul, e Rincão (em um dos painéis da exposição é evidenciada todas as regiões do Estado que contribuem para o acervo).“O Mapa vai estar pronto para receber a visitação de públicos de outras cidades, principalmente os escolares. Com o empenho da Prefeitura de Araraquara e seus parceiros, a cidade irá mostrar que o material acolhido está protegido”, comenta Camila. Educação - A curadoria prevê uma duração de 5 anos para a exposição. Para tanto, a Secretaria Municipal da Cultura deve criar uma série de atividades que envolvam a comunidade com o Mapa. “Queremos trazer grupos especiais, escolares, de terceira idade – entre outros – para que tenham acesso ao Mapa e entendam a arqueologia que começa a ser despertada na cidade e região”, afirmou Euzânia.O Mapa está aberto à visitação desde sua inauguração, e também mantém um programa de visitas agendadas no “Mais Arte na Escola”, em parceria com a Secretaria Municipal da Educação.Para a visitação de grupos, basta realizar o agendamento pelo fone (16) 3332-4933.  Investimento - O investimento na exposição é de aproximadamente R$ 60 mil, tendo os recursos sidos captados em parceria com a Fundação Araporã e a empresa Zanettini Arqueologia, desde 2003. A verba é proveniente do endosso pela guarda dos acervos arqueológicos das pesquisas realizadas por empresas especializadas, com o aval do IPHAN, mediante publicação de portarias em diário oficial.Como contrapartida, pelo fato do Mapa ser responsável pelo material que foi coletado e pesquisado, recebe um auxílio técnico-científico (recursos financeiros, humanos e materiais, como equipamentos permanentes e de consumo) para que venha a melhorar as condições de salvaguarda desses acervos, assim como promover cursos, oficinas, exposições e palestras que tratem de temáticas como: curadoria e conservação de acervos, educação patrimonial e pesquisas arqueológicas. A contrapartida da Prefeitura nesta reestruturação implica no fornecimento de mão de obra, basicamente de pedreiros e eletricistas.A ideia é, num futuro próximo, também conseguir recursos para a montagem de uma exposição, nos mesmos moldes, para a área de Paleontologia do museu.