Sistema faz de tratamento de esgoto de Araraquara um processo inovador

24/12/2011 - 02h43

Araraquara dá mais um passo pioneiro e inovador no conjunto de saneamento básico ao inaugurar nesta quinta-feira, dia 23, o Sistema de Secagem do Lodo gerado na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). Pode parecer redundância utilizar juntos os termos “pioneiro” e “inovador”, mas eles são adequados na definição das soluções implantadas. O processo tem a capacidade de reduzir 70 mil litros por hora de lodo extraído dos tanques de tratamento de esgoto para apenas 500 quilos de lodo seco. O resíduo final é inerte e, por enquanto, será levado ao aterro sanitário, até que sejam concluídos os estudos para sua transformação em adubo orgânico. A água restante é utilizada para irrigação, lavagem das instalações e dos filtros, e tem aspecto límpido, bem diferente do produto com aparência de chorume cremoso que inicia o processo. A obra custou cerca de R$ 6 milhões, sendo R$ 3,7 milhões oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) aprovados em 2007 e R$ 2,3 milhões de recursos provenientes da autarquia. Os técnicos que atuam na área afirmam que já existem outros sistemas em funcionamento, mas não o sistema completo (dragagem, desaguamento e secagem térmica do lodo) implantado em Araraquara. Esse conjunto é pioneiro no Brasil, em módulos operacionais de lagoas de aeração e sedimentação. Foi econômico ser pioneiro
E o pioneirismo tem sido uma marca do Departamento Autônomo de Água e Esgoto de Araraquara (DAAE). A ETE foi inaugurada em outubro de 1999, quando o Brasil abrigava poucas estações para o tratamento do esgoto de uma cidade. E mesmo assim foi econômico implantar o sistema na época, visto que hoje os municípios tem gasto muito dinheiro para atenderem as exigências ambientais. As legislações que obrigam as cidades brasileiras a terem tratamento de esgoto hoje surgiram, mesmo que tenham levado uma década em tramitação, depois que a ETE de Araraquara já havia entrado em funcionamento. E desde a implantação, os órgãos brasileiros que regulam o licenciamento avançaram em conhecimento, mudando algumas exigências para o setor.Exemplo disso está no sistema de secagem do lodo implantado em Araraquara. Anteriormente este lodo ficava depositado a céu aberto em dois tanques na ETE. Com a proibição da prática, ele passou a ficar acumulado no fundo das lagoas artificiais de tratamento do esgoto, ocupando hoje dois terços delas. São onze anos de lodo acumulado. O mesmo problema é enfrentado por diversas outras, como São Carlos. Eduardo Cotrim, presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) do município esteve na solenidade, para conhecer a solução adotada na Morada do Sol. 

Estação passará por reforma e modernização
Outro dispositivo que mudou na legislação é a necessidade de impermeabilização das lagoas de aeração e decantação. Araraquara busca financiamento público para executar o serviço e atender a exigência. Mas, alguns municípios enfrentam problemas no setor. A Justiça de Jaú condenou, em primeira instância, o prefeito de Itapuí, José Gilberto Saggioro (PPS), por improbidade administrativa. A sentença se refere a ação civil pública movida pelo Ministério Público (MP), que apontava descumprimento de decisão judicial que obriga, desde 2000, a implementação de tratamento de esgoto na cidade.Outros municípios ficaram impedidos de crescer, ou seja, de receber recursos públicos para habitação, obras e outros programas, por também não cumprirem com a obrigação. E outros ainda tentam capitalizar como propaganda política a favor da administração, o fato de implantarem agora um sistema de tratamento de esgoto que deveriam, por lei, ter feito há bom tempo. Além do que, como já foi dito aqui, estão pagando muito caro por isso. 

Área rural com benefícios urbanos
No evento ocorrido na ETE Araraquara, foi mencionado algumas vezes que Araraquara tem 98,5% de serviço de captação de esgoto e abastecimento de água potável. A informação pode ser mais bem analisada, se acrescentarmos a ela o dado de que dentro do setor urbano 100% das residências e indústrias são atendidas pelos serviços. Nas regiões de chácaras de recreio e lazer, agora também estão sendo implantadas as redes de água e esgoto, levando os benefícios da área urbana para alguns setores rurais da cidade. Recentemente o perímetro urbano foi ampliado englobando estes setores. Seria mais justo dizer que Araraquara ultrapassa a oferta de 100% de serviços de rede de água e esgoto. 

Água limpa de novo
A Estação de Tratamento de Esgoto de Araraquara recebe a média diária de 500 litros por segundo de esgoto e devolve a água ao Ribeirão das Cruzes com mais de 95% de limpeza, muito próximo das condições em que é captada nos mananciais para consumo. Ocupa área de 18 alqueires na região oeste da cidade, ao lado da SP-255, no sentido Araraquara a Boa Esperança do Sul, há cinco quilômetros do Campus da Unesp.Na solenidade de inauguração estiveram presentes, o Prefeito de Araraquara, Marcelo Barbieri (PMDB); o prefeito da cidade de capinzal (SC), sede da empresa Fast, que executou a implantação, Leonir Boareto; o diretor da Fast, Marius Juliano Farina; os vereadores Elias Chediek (PMDB), João Farias (PRB), Márcia Lia (PT), Tenente Santana (PSDB), Serginho Gonçalves (PMDB), Fernando César Câmara, o Galo (PV) e Lucas Grecco (PMDB); o gerente da Cetesb em Araraquara, Jorge Carízia; o ex-diretor da Cetesb e assessor da direção, José Jorge Guimarães; o superintendente da Caixa Econômica Federal, Isac Samuel dos Reis; o superintendente do DAAE, Guilherme Ferreira Soares; o diretor do SAAE de Carlos, Eduardo Cotrim, e mais uma centena de convidados.