Bebês aguardam teste da orelhinha no serviço público de saúde em Araraquara

Desde janeiro deste ano uma mãe aguarda

16/03/2011 - 02h48

Desde janeiro deste ano uma mãe aguarda para realizar em seu bebê o teste da orelhinha ou Triagem Auditiva Neonatal pelo hospital Santa Casa em Araraquara, só que foi informada que o teste ainda não foi agendado porque a sala não estava pronta. Após diversas ligações e a mesma reposta a leitora resolveu procurar a imprensa para falar de seu caso e pedir orientações de onde poderia fazer o exame gratuitamente, e saber quando realmente o hospital poderia realizar o procedimento, já que seu bebê completou 2 meses e até agora não fez o exame.
Em contato com o hospital Santa Casa sobre o assunto foi informado através da assessoria “que o exame da orelhinha é responsabilidade do município já que ele faz a gestão SUS, até algum tempo atrás esse procedimento era realizado num departamento especifico de responsabilidade da secretaria de saúde. Aí a secretaria decidiu parar de fazer para que fosse feito no hospital, porém o aparelho custa em torno de 30 mil reais, e a direção do hospital não irá comprá-lo já que em breve a secretaria e a prefeitura pretendem abrir um hospital para saúde materno infantil ( que será a Gota de Leite) e tirar a nossa maternidade daqui, e não vamos investir num aparelho para depois não ter público para utilizá-lo” declararam.
Em nota a prefeitura municipal de Araraquara informou que “a Secretaria Municipal de Saúde está comprando um  aparelho para fazer o teste na Santa Casa. Por enquanto os testes serão encaminhados ao CISA, na 2ª e 5ª feiras de manhã, através da Rede Básica de Saúde”.
O teste da orelhinha é importante ser feito nos bebês logo nos primeiros meses de vida para saber se há algum problema com a sua audição porque é através da audição e da experiência que as crianças têm com os sons ainda na barriga da mãe que se inicia o desenvolvimento da linguagem. Qualquer perda na capacidade auditiva, mesmo que pequena, impede a criança de receber adequadamente as informações sonoras que são essenciais para a aquisição da linguagem.
Geralmente ele é realizado no segundo ou terceiro dia de vida do bebê onde é colocado um fone acoplado a um computador na orelha do bebê que emite sons de fraca intensidade e recolhe as respostas que a orelha interna do bebê produz.
Especialistas apontam que é importante a realização do exame no bebê logo ao nascer, principalmente àqueles que nascem com algum tipo de problema auditivo. Estudos indicam que um bebê que tenha um diagnóstico e intervenção fonoaudiológica até os seis meses de idade pode desenvolver linguagem muito próxima a de uma criança ouvinte. O grande problema é que a maioria dos diagnósticos de perda auditiva em crianças acontece muito tardiamente, com três ou quatro anos, quando o prejuízo no desenvolvimento emocional, cognitivo, social e de linguagem da criança está seriamente comprometido.
Há os chamados bebês de risco para a surdez. São os casos em que já existe um histórico de surdez na família, intervenção em UTI por mais de 48 horas, infecção congênita (rubéola, sífilis, toxoplasmose, citomegalovirus e herpes), anormalidades craniofaciais (má formação de pavilhão auricular, fissura lábio palatina), fez uso de medicamentos ototóxicos, entre outros. Se o Teste da Orelhinha já e importante para uma criança sem problemas, imagine para essas crianças.
Mas todos os bebês devem fazer o Teste. Em bebês normais, a surdez varia de 1 a 3 crianças em cada 1.000 nascimentos, já em bebês de UTI Neonatal, varia de 2 a 6 em cada 1.000 recém-nascidos. A avaliação Auditiva Neonatal limitada aos bebês de risco é capaz de identificar apenas 50% dos bebês com perda auditiva.
A deficiência auditiva é a doença mais freqüente encontrada no período neonatal quando comparada a outras patologias. Só como exemplo, o Teste do Pezinho aponta uma criança em cada 10 mil nascimentos, muito menos que o da Orelhinha.
Portanto, o Teste da Orelhinha é algo fundamental ao bebê, já que os problemas auditivos afetam a qualidade de vida da criança, interferindo no processo da fala, entre muitas outras coisas.
É como uma bola de neve: a criança cresce e tem dificuldade em ouvir ou se expressar e, com isso, sente mais dificuldade em se socializar. Isolada por não ter fácil acesso ao grupo de amiguinhos, ela pode apresentar depressão. E por aí vai.
O teste é
obrigatório
por lei?
Sim. Desde o dia 2 de agosto de 2010 o exame é obrigatório e gratuito em algumas cidades do país. Em Araraquara a vereadora Juliana Damus é autora de uma lei que obriga aos hospitais a realizarem o “teste da orelhinha” nas crianças recém nascidas na cidade. Esta lei foi aprovada pelo plenário da Câmara Municipal na sessão de 20 de junho de 2002 - Lei nº. 5.850 de 3 de julho, mas ainda falta muita informação e orientação sobre a importância da realização e a obrigatoriedade do exame.

Dicas
0 a 6 meses
O bebê se assusta, chora ou acorda com sons intensos e repentinos. Reconhece a voz materna e procura a origem dos sons.
6 a 12 meses
Localiza prontamente os sons de seu interesse e reage a sons suaves. O balbucio se intensifica e reconhece seu nome quando chamado.
12 a 30 meses
Vai do início da primeira palavra (papai) até o uso de sentenças simples (dá bola). Lógico que ainda é cedo, mas nunca incentive o filho a falar errado só porque soa bonitinho. Se ela diz que o papai chegou de "calo", corrija naturalmente dizendo que ele chegou de carro. O estímulo à pronúncia correta é fundamental no aprendizado.