Situação pode levar a perda da Bolsa Família, e até punição por abandono de incapaz
28/04/2011 - 02h27
O vereador peemedebista Serginho Gonçalves reuniu-se com mães residentes no Jardim São Rafael II, recentemente entregue a população, e pode constatar a situação que beira o caos, derivada da falta de unidades da rede de ensino básico nas imediações que possa abrigar as crianças.
Segundo as mães, quando receberam as casas de imediato a ocupação foi efetivada, quer para proteger o imóvel da ação dos vândalos, quer por necessidade de “largar o aluguel”. As famílias vieram dos mais diferentes bairros citadinos e a falta de espaço no Centro de Educação e Recreação das proximidades traz preocupações as mães.
Reclamam algumas mães que o CER das proximidades não conta com vagas e a solução é direcionar as crianças a unidade distante. Solução abstrata porque o ônibus leva mãe e filho ao CAIC Rubens Cruz, sem retorno. Cabe as mães retornarem a pé e proceder de igual forma na hora de buscar os filhos.
Vão a pé até o CAIC e voltam com os filhos no ônibus.
Outra situação colocada por uma mãe é com respeito ao filho hiperativo. Ela leva o filho pela manhã ao CAIC, vai buscá-lo na hora do almoço, retorna com ele às 13 horas para Atividade Complementar e apanha-o no final da tarde. O percurso do período da tarde é feito a pé, pois não coincide com o horário do ônibus escolar, e quando solicitou a direção da unidade escolar que o menino permanecesse de forma continua, sem interrupção, foi informada da impossibilidade porque “não tem ninguém para olhar ele”.
No rol de reclamações também a falta de transporte apropriado, com acompanhante, para conduzir crianças a escolas distantes onde elas já se encontravam matriculadas. “Minha filha de nove anos tem que sair de casa às 5 horas da manhã para estar às 7 horas no Florestano Libutti”, reclama uma mãe.
Outra moradora alega que “ou se trabalha ou fica com os filhos”, lamentando que a Prefeitura ofereça passe escolar para a criança pequena que não pode ser transportada sem companhia, sinalizando que “fornecem passes para bebê”.
O caos social está implantado na razão exata em que muitas das mães sem condições financeiras são obrigadas a trabalhar, e como não contam com uma pessoa adulta para cuidar dos filhos, acabam por deixá-los na companhia de uma irmã ou sobrinha, também criança, cientes que se algo de grave acontecer perderão a guarda dos mesmos por “abandono de incapaz”.
Mas a preocupação maior está justamente na falta de condições de levar os filhos as escolas. Muitas crianças já perderam mais de trinta aulas, e as mães foram informadas por uma assistente social que irão perder a Bolsa Família, para algumas, a principal fonte de renda.
Ciente de sua responsabilidade junto à comunidade o vereador Serginho Gonçalves manteve ainda na tarde de quarta-feira contato com o secretário municipal de Educação, Orlando Mengatti Filho, sendo agendada reunião com as “Mães do São Rafael” nesta sexta-feira com, às 10,30 horas na escola Gilda de Melo com o objetivo de equacionar a situação.
E a situação é preocupante, afirma o vereador Serginho Gonçalves, pois as pessoas, na maioria mulheres, chefes de família que ansiavam por uma moradia, um teto para se abrigar e construir de fato uma família junto com seus filhos, agora tende a lamentar, lamento inclusive que atinge a cobrança por parte da Prefeitura do IPTU ano 2011, quando “foi prometido que estaríamos isentas neste ano”.