26/04/2011 - 17h51
Existe uma cultura nas mídias de massa, embasada pelo marketing pessoal e pelas regras de mercado, que associa intrinsecamente a imagem do artista, principalmente cantores populares, ao sucesso. Suas canções são transformadas em hits apenas se houver um trabalho publicitário muito forte. Uma foto com aquele artista, um lenço suado cheio de bactérias que ele jogou do palco, um beijo que ele mandou à anônima menina na platéia, bastam pra emplacar mais um sucesso.
Uma canção, para ser imortalizada no seio da Mãe Arte, seja ela de qual gênero for, deve, enquanto criação, sobrepujar seu criador, transformando-se assim em obra de arte por excelência. Enquanto seu criador depender de sua imagem para veiculá-la, relegando para segundo plano a própria obra, elevando aspectos secundários ao primeiro, como informações inúteis sobre sua vida pessoal em revistas de fofoca (fotos na praia com a namorada, na fazenda com os amigos, ou a cor da cueca favorita), ela não será elevada ao patamar de arte, mas será apenas um produto de mercado, obedecendo aos desmandos das gravadoras e das emissoras de rádio e televisão!
Em suma, não é proibido ir a programas de televisão, muito menos participar de filmes publicitários (a sociedade pós-moderna é poderosamente imagética), o que é natural pra quem quer vender um produto. Mas a obra de arte não deve jamais depender de coisas tão efêmeras e vinculadas a uma época (obras de arte são imortais e atemporais), pois assim ela jamais galgará um lugar na história da Cultura. A Arte, e nesse caso a Música, enquanto ente abstrato, não precisa de falsos sorrisos para existir!