Chediek conhece fábrica que processa descarte da construção civil

Proposta é produzir blocos, pisos, bancos e vários outros produtos e resolver uma questão ambiental

09/02/2012 - 03h40

A construção civil gera diariamente em Araraquara 450 toneladas de entulho.
Isso representa uma perda em torno de 30% do material comprado para as construções ou reformas, seja pela baixa qualificação da mão de obra que o maneja, seja pelo péssimo planejamento das obras e até pela baixa qualidade do material. Os dados são da Gerência de Resíduos Sólidos do Departamento Autônomo de Água e Esgoto de Araraquara (DAAE). O gerente, Agamenon Brunetti Júnior acredita que há ainda outra quantidade criminosamente despejada em locais irregulares, como terrenos, margens de córregos e outros.
O vereador Elias Chediek (PMDB) conheceu em São Carlos, a Fábrica de Artefatos de Cimentos inaugurada em 2004, e que hoje recebe 300 toneladas diárias de descarte da construção civil da cidade. Destes, 40% são aproveitados para produção de blocos para construção de residências, piso podotátil para rampas de acessibilidade urbana, bancos e diversos desenhos de pisos para praças públicas, guias para calçadas, piso ecológico (pisograma), caixa de inspeção de esgoto, pisos intertravados e outros. No caso específico dos pisos produzidos, eles reduzem o impacto ambiental, gerando menos ilhas de calor do que o pavimento de manta betuminosa, além de permitir a infiltração de água.
Chediek esteve acompanhado de Valter Ricardo Léo Rozatto, Secretário Municipal de Obras de Araraquara, Agamenon Brunetti Júnior, do DAAE, além de representantes de moradores da Chácara Flora e do Parque Planalto. Eles foram recepcionados por Júlio César Alves Ferreira, arquiteto urbanista da PROHAB (Progresso e Habitação de São Carlos), empresa de economia mista que cuida da política habitacional do município.
Todos estavam em busca de propostas para a construção de políticas públicas de aproveitamento deste descarte da construção, para resolver a questão ambiental, e ainda promover a geração de produtos úteis em diversos setores das obras públicas, e até para a venda, além de ideias que diminuam os custos de pavimentação de vias, no caso, para as regiões de chácaras ali representadas.
Outro interesse é social, com a geração de mão de obra e renda. No caso de São Carlos, os quatorze trabalhadores do setor de produção são reeducandos indultados do serviço prisional da cidade, que recebem a quantia de um salário mínimo em uma conta da família, e ainda tem um dia de remissão de suas penas para cada três dias trabalhados.
A produção da fábrica passa por aferição de resistência mecânica antes de ir ao mercado. O representante da PROHAB informou que a cidade de São Carlos produz diariamente 500 toneladas de descarte, sendo que a fábrica absorve 300 toneladas. As duzentas toneladas restantes são processadas por empresas privadas. O material que não serve para a produção da fábrica, como madeira, papel, plástico e outros, são repassados para vários pequenos serviços de reciclagem no entorno. Portanto, a totalidade do material recebido é reciclado. E tudo dentro da resolução federal do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA).
O muro do cemitério municipal da cidade foi recuperado com blocos produzidos ali, bem como as carneiras dos túmulos estão sendo construídas também com material da fábrica. Quase 80% dos blocos utilizados para a construção das casas de dois loteamentos populares foi processado na fábrica, diminuindo em até 30% o custo final. São produzidos três mil blocos diários, o equivalente a duas casas de 40 metros quadrados. Além disso, há também um centro educacional na área da fábrica, onde alunos das escolas da cidade participam de programas de educação e conscientização ambiental.
“As presenças do Secretário de Obras e do Gerente de Resíduos Sólidos do DAAE demonstram que há grande interesse do Prefeito em implantar uma política pública para o problema. Esse poderá ser mais um grande legado que poderá surgir em sua gestão”, declarou Chediek, que apresentará a proposta ao prefeito Marcelo Barbieri (PMDB) e pedirá que sejam estudadas condições técnicas e legais para a implantação de um serviço que cuide das questões em torno do descarte da construção civil.