Araraquara tem dois projetos de fisiologia aprovados para financiamento

Pesquisas começam este mês e devem criar novas possibilidades de intercâmbio

17/02/2012 - 02h31

O Departamento de Fisiologia e Patologia da Faculdade de Odontologia (FO), Câmpus de Araraquara, teve dois projetos aprovados em 2011 e que começam oficialmente suas atividades este mês. “A liberação desses projetos firma a posição do nosso Laboratório de Fisiologia como um dos melhores do Brasil porque é um reconhecimento pela qualidade das pesquisas desenvolvidas na Unidade”, diz o professor Eduardo Colombari, coordenador de um dos estudos. Ele ressalta ainda que as novas atividades ampliam as oportunidades de intercâmbio da FO.
O primeiro projeto, intitulado “Mecanismos neurais de regulação do equilíbrio hidroeletrolítico e controle cardiorrespiratório”, foi aprovado no âmbito do Programa Pronex (Programa de Apoio a Núcleos de Excelência) mantido pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e que neste caso terá também o apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. A coordenação do projeto é do professor José Vanderlei Menani, e as pesquisas duram de fevereiro de 2012 a janeiro de 2016.
O estudo busca a compreensão dos mecanismos neurais que processam informação autonômica (referente ao sistema nervoso autônomo, ou seja, à parte do cérebro que trabalha de forma involuntária) associada aos ajustes cardiovasculares, respiratórios e comportamentais. Entre as principais perguntas a serem respondidas, estão a indicação de qual via é ativada para inibir e ativar a ingestão de sódio e a relação desse sistema com o controle da pressão arterial.
A outra aprovação foi obtida dentro do Projeto Temático de Auxílio Pesquisa da Fapesp, sob o título “Mecanismos neurais envolvidos na quimiorrecepção”. Coordenada por Colombari, a pesquisa tem vigência de novembro de 2011 a outubro de 2015.O projeto parte do princípio de que a respiração consiste em um processo fisiológico cuidadosamente organizado por um complexo sistema de neurônios localizados no encéfalo, mais precisamente no bulbo. Esse sistema é altamente sensível para os níveis de CO2, além de manter os valores de CO2 e O2 do sangue em faixas fisiologicamente adequadas, corrigindo a ventilação ciclo a ciclo para manter a homeostase (em linhas gerais, o equilíbrio do corpo).
Diversas patologias afetam o sistema respiratório, entre elas a Síndrome da Hipoventilação Congênita Central (SHCC), que leva a paradas respiratórias durante o sono. Essa doença pode degenerar um pequeno grupamento neural indicado pela sigla Phox2b, localizado na região do cérebro denominada núcleo retrotrapezóide. Esses neurônios têm propriedades que os caracterizam como quimioreceptores centrais, ou seja, eles conseguem detectar variações na concentração de gases no cérebro e reúnem dados enviados pelos quimioreceptores periféricos dos pulmões.
O professor Colombari alerta para o fato de que, até o momento, a ciência ainda não descobriu o verdadeiro papel fisiológico do núcleo retrotrapezóide, em especial dos neurônios Phox2b. Para ajudar a desvendar essa atuação, o projeto da Unesp estudará a participação dessa região do cérebro nas respostas ventilatórias e cardiovasculares de ratos não anestesiados e com lesões provocadas nos neurônios Phox2b.