Santa Casa conta com comissão especial para a doação de órgãos

Em Araraquara, hospital é responsável por identificar possíveis doadores

01/03/2012 - 03h29

Perder um ente querido é sempre muito doloroso. E é justamente nessa hora que a família tem que tomar uma decisão muito importante que pode salvar a vida de outras pessoas: doar ou não os órgãos do familiar.  
A Santa Casa de Araraquara é o hospital responsável por identificar pacientes em potencial e dar suporte às famílias. Para isso, criou a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT).  
“A comissão fica atenta à entrada de pacientes. Depois de realizar todos os testes e confirmada a morte encefálica, ela tem o papel de abordar a família para ver se eles gostariam que os órgãos fossem doados”, explica o coordenador da UTI Adulto da Santa Casa e integrante do CIHDOTT, Marden Amaral. 
Caso a família aprove a doação, o CIHDOTT entra em contato com a Organização de Procura de Órgãos (OPO), em Ribeirão Preto.
Após receber as informações do CIHDOTT sobre potenciais doadores, ela é responsável por localizar e avisar quais hospitais irão fazer a retirada dos órgãos doados. 
“Temos que passar todas as informações para a OPO e deixar o centro cirúrgico e o instrumental prontos para que eles venham fazer a retirada dos órgãos”, explica o coordenador.
Na maioria dos casos, após a constatação da morte encefálica, os órgãos e tecidos liberados para doação têm que ser removidos em até 12 horas. 
“Justamente por isso o trabalho da comissão é importantíssimo. Tudo tem que ser feito com muita competência para que, caso a família aceite fazer a doação, tudo esteja encaminhado para que a captação ocorra dentro do prazo”, ressalta Amaral. 

Doação de órgãos na Santa Casa

Nos últimos quatro anos, foram identificados como potenciais doadores 30 pacientes que tiveram constatada a morte encefálica na Santa Casa de Araraquara. Deste total, oito as famílias autorizaram a doação dos órgãos. Apesar de o número estar dentro da média nacional, o quadro poderia ser melhor.
Atualmente, o País registra uma taxa de 11,1 doadores por milhão de pessoas. São cerca de duas mil doações por ano, mais que o dobro da quantidade registrada em 2003, quando foram contabilizados 893 doadores efetivos.  
A meta do Ministério da Saúde é alcançar 15 doadores efetivos com órgãos transplantados por milhão de pessoas em 2012. A Espanha, referência no assunto, registra 35 doadores por milhão.
Para que a pessoa seja um doador, basta que informe a família, pois é ela quem autorizará a retirada dos órgãos. 
Já para receber um órgão, a pessoa deve estar cadastrada em uma lista de espera e sua colocação na lista dependerá da gravidade do seu caso e das chances de sobreviver, além da idade do receptor. Atualmente, no Brasil, são mais de 70 mil pessoas na fila de espera por um transplante.

Santa Casa

A Santa Casa é um hospital geral, credenciado pelo Ministério da Saúde em Urgência e Emergência Regional tipo III, referência em Cirurgia Cardíaca, Hemodinâmica, Neurocirurgia I e II, Alta Complexidade em Ortopedia nos segmentos de joelho, ombro, quadril, e mão. 
Também é referência em oftalmologia e conta com uma Unidade de Alta Complexidade em Oncologia.
75% dos atendimentos são oriundos do setor de Urgência e Emergência e 90% dos pacientes atendidos são do SUS.
Atualmente com 200 leitos credenciados e 186 leitos ativos, o hospital é considerado centro de referência SUS (Sistema Único de Saúde) para o nível municipal e regional, além de ser referência em Tratamento da Má Formação Lábio-Palatal para outros estados.
A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Araraquara é uma instituição filantrópica sem fins lucrativos, inaugurada em 25 de fevereiro de 1902, pelo Coronel João Almeida Leite Moraes.

ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos)

Dados de 2011

Brasil 

7.233 – Potenciais doadores 
2.048 – Doadores efetivos
5.185 – Não efetivados
Estado de São Paulo
2.495 – Potenciais doadores
793 – Doadores efetivos
1.702 – Não efetivados