Resultados serão apresentados em workshop no dia 20 de abril
11/04/2012 - 03h15
Uma das mais significativas pesquisas acadêmicas sobre assentamentos e quilombolas já realizadas no estado de São Paulo acaba de ser concluída, fruto de uma parceria entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra e o Centro Universitário de Araraquara – Uniara. Os resultados dos trabalhos, que envolveram pesquisadores, capacitadores e alunos de mestrado, serão divulgados durante workshop no dia 20 de abril para instituições públicas, como Ministérios do Desenvolvimento Agrário e Social, Instituto de Pesquisas Aplicadas, Embrapa, Itesp, universidades e outras, além do próprio Incra.
Durante a realização das pesquisas foram ministradas 280 horas de cursos de capacitação para 717 assentados rurais de 4 macrorregiões do Estado. Os cursos abrangeram desde assuntos como plantas medicinais, viveiros de mudas e horticultura orgânica até saúde no meio rural e horticultura orgânica.
Para a coordenadora da pesquisa e do mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente da Uniara, Vera Lúcia Botta Ferrante, outro aspecto importante da pesquisa foi no sentido de esclarecer o real papel das políticas públicas nos assentamentos rurais, em especial nos assentamentos mais antigos, que possuem maior infraestrutura, e nos mais recentes que, por outro lado, têm mais acesso a incentivos e políticas agrárias implantadas nos últimos anos.
Vera alerta, entretanto, que os resultados exigirão desdobramentos da pesquisa para se solidificarem. “O trabalho mostrou que é muito importante a participação do município na gestão dos assentamentos”, antecipa a pesquisadora, para quem o estudo poderá redundar em políticas e ações expressivas, não apenas para essas comunidades, mas também para as regiões em que estão inseridas.
Um dos primeiros resultados do trabalho deverá ser a publicação de dois volumes impressos: um sobre a culinária e outro sobre as tradições das comunidades quilombolas, revela a coordenadora do mestrado da Uniara. Além disso, os dados da pesquisa estão sendo usados em artigos que serão apresentados à comunidade acadêmica e às instituições públicas relacionadas com a reforma agrária. Já estão finalizados também 2 vídeos documentários sobre grupos produtivos, gênero e o modo de vida nos assentamentos da região de Araraquara.
Quilombolas
As comunidades quilombolas são grupos étnicos formados pela população negra que têm uma profunda ligação com a terra, geralmente derivada das relações com sua ancestralidade e práticas culturais. Para Vera Botta, a pesquisa “tornou visível o que está acontecendo com essas comunidades, que ainda são pouco conhecidas”.
O trabalho de pesquisa abrangeu, além dos assentamentos, 42 comunidades quilombolas.