12/04/2012 - 02h01
Durante palestra realizada na manhã desta quarta-feira, dia 11, na Assembleia Legislativa, o deputado estadual e presidente do PT do estado de São Paulo, Edinho Silva, abordou o esporte como importante instrumento de inclusão social e construção da cidadania. O parlamentar apresentou números que comprovam a eficácia de um programa bem estruturado na área do esporte de base. Também ressaltou outro conceito que tem chamado a atenção de pesquisadores, acadêmicos e gestores: o esporte como âncora para desenvolvimento econômico.
Anualmente Edinho é convidado como palestrante do Seminário “Esporte, Atividade Física e Saúde”, realizado pela Comissão de Assuntos Desportivos da Assembleia, com apoio da Liderança do PT. O objetivo é apresentar aos gestores públicos e profissionais os programas colocados em prática na área do esporte quando esteve à frente da Prefeitura de Araraquara, bem como seus resultados.
“É uma grande satisfação participar desse espaço de debate e reflexão. Eu acredito no esporte, e também na cultura, como instrumentos eficazes no combate à exclusão social. Cabe aqui ressaltar que em vários países do mundo o esporte e a cultura deixaram de ser concebidos como políticas públicas de “segunda classe”. Cada vez mais elas assumem centralidade na integração de programas de inclusão social, de desenvolvimento da cidadania e mesmo para o desenvolvimento econômico”, disse.
Para ele, os entes federados devem ter um olhar mais atento à gestão do esporte e da cultura, uma vez que nada mobiliza e dialoga mais com a juventude. “Essas políticas públicas podem dialogar com setores sociais importantes, principalmente os jovens dos setores mais empobrecidos da nossa sociedade que muitas vezes tornam-se "presa fácil" da criminalidade. Criar novas perspectivas e despertar a possibilidade de um futuro promissor para a juventude é um dos grandes desafios das políticas públicas”.
Inclusão Social
Durante a palestra, Edinho disse ser contra o esporte como um evento. Para ele, o esporte e o lazer são direitos de todos os cidadãos, mas devem estar ancorados em uma política pública.
“Para isso, deve ter orçamento, metodologia, metas a serem alcançadas e interface com outras políticas. É possível utilizar o esporte como instrumento de inclusão, de educação”.
O parlamentar utilizou como exemplo o Programa Escolinhas de Esportes que assistia mais de cinco mil crianças de Araraquara em 22 modalidades diferentes e, acabou inspirando o Programa Segundo Tempo do Governo Federal. Com monitores capacitados (com cursos realizados semanalmente), o projeto conseguiu fazer a interface com demais ações da Prefeitura, especialmente na área de segurança alimentar e nutricional, assistência social e saúde.
Segundo ele, no programa, os monitores tinham papel essencial entendendo a criança/adolescente na sua integralidade. “O monitor conseguia saber se no lar daquela criança havia alguém desempregado, envolvimento com drogas, problemas de saúde, entre outros. Melhor que isso, o monitor capacitado sabia encaminhar cada caso às secretarias e áreas da gestão pública competentes, fazendo o cruzamento de dados sobre uma família em possível situação de vulnerabilidade social”.
As Escolinhas possibilitaram ainda o surgimento de novos talentos. Tanto que de 2001 a 2008, a cidade foi campeã dos Jogos Regionais sete vezes. “O esporte de base e o esporte de competição não são antagônicos. Eles se complementam”, afirmou.
Prestação de serviços
Para Edinho, o esporte tem sido considerado como “nova âncora econômica” importante na geração de empregos e distribuição de renda. “É a prestação de serviços que mais cresce no planeta”, disse dando como exemplos a indústria de tênis, meias, organização de eventos esportivos, manutenção de infraestrutura etc. “Num país como o Brasil temos um mercado sedento por esporte e cultura. Um mercado facilmente fomentado. Não tem âncora econômica que se desenvolve mais rápido”.
Ressaltou a “herança” que será deixada no Brasil pela Copa do Mundo e as Olimpíadas, não só em termos de infraestrutura, mas de desenvolvimento de novos paradigmas na gestão do Esporte. “Nos próximos anos, teremos uma oportunidade ímpar de darmos visibilidade e fortalecermos o nosso esporte, com a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016, sem perdermos de vista a possibilidade de desenvolvimento, geração de empregos, renda e inclusão social”.
Gestão Tripartite
Para Edinho, o ideal na política de esporte seria a criação de um Sistema Único do Esporte, inspirado no SUS e outras políticas públicas que partem do princípio da gestão tripartite (União, estados e municípios). “Deveríamos organizar o Estado Brasileiro para a “municipalização” dessas políticas públicas. Devemos definir qual “o papel de cada ente federado” no desenvolvimento das políticas públicas no esporte e na cultura”, propôs.