Em Barra Bonita, uma parceria entre Feraesp, poder público e empresas possibilitou a inauguração do Sítio Escola
14/04/2012 - 03h57
O deputado estadual e presidente do PT do estado de São Paulo, Edinho Silva, acompanhou nesta sexta-feira, dia 13, o Ministro Chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho na inauguração do Sítio Escola, em Barra Bonita.
Trata-se de um espaço onde são desenvolvidas várias atividades e cursos de qualificação que atendem prioritariamente os trabalhadores do corte da cana. Objetivo é prepará-los para outras atividades profissionais devido ao avanço da mecanização no setor canavieiro que já chega a 60% no estado. Até 2017, a colheita realizada com a queima da palha já estará erradicada em São Paulo, conforme prevê o Protocolo Agroamebiental firmado em 2007.
O Sítio Escola envolve uma parceria entre poder público municipal, Feraesp (Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo), Grupo Raízen (antiga Cosan) e a Única (União da Indústria Canavieira). O local foi cedido pela Prefeitura à Feraesp e, com a parceria foi possível uma reestruturação para atender a demanda dos cursos. “Diante da inevitável mecanização da produção (cultura e colheita), na qual muitos empregos manuais estão desaparecendo é preciso que o trabalhador encontre espaço em outras atividades e funções”, explica a Feraesp. O projeto educacional tem alcance econômico e, sobretudo, social, uma vez que envolve também a família dos trabalhadores com atividades diversas como produção de alimentos, pães, doces e hortaliças.
De acordo com Élio Neves, presidente da Feraesp, hoje existem cerca de 15 mil cortadores de cana na região de Barra Bonita, que engloba também os municípios de Igaraçú do Tietê e Bauru. “A educação é o ponto que unifica todos nós, trabalhadores, empresas, governo. Sem ela não há desenvolvimento”, disse o sindicalista. Segundo ele, no estado de São Paulo, a mecanização vem eliminando, em média, 10% dos postos de trabalho por ano. De 2009 para 2010, o número de trabalhadores no corte da cana caiu de 220 mil para 180 mil. De 2010 para 2011 a Feraesp estima que tenha sido reduzido para 130 mil aproximadamente.
“Nunca antes na história desse país, os trabalhadores rurais entraram pela porta da frente do Palácio do Planalto para terem suas reivindicações ouvidas pelo Governo e empresários”, disse Élio Neves, lembrando o presidente Lula.
Participaram da atividade também o prefeito da cidade, José Carlos de Mello Teixeira, o deputado federal Newton Lima, os estaduais Simão Pedro, Zico Prado e Ana Perugini. A vereadora Márcia Lia também acompanhou o Ministro e Edinho na agenda. Representando a Raízen, seu diretor Luis Carlos Veguim e a Única, Antônio Pádua Rodrigues.
Direitos Garantidos
Durante intervenção, Edinho ressaltou sua trajetória política, o trabalho realizado na Pastoral dos Migrantes e a sua ligação com o tema. “Por mais de 10 anos fui da pastoral do Migrante. Estive por várias vezes no Vale do Jequitinhonha, na Chapada Diamantina, na Bahia, para entender a realidade local dos trabalhadores que migram para a nossa região. Isso fez com que eu estivesse presente na fundação da Feraesp e na de vários sindicatos de trabalhadores nessa região toda. Nem sei em quantas assembléias estive presente quando a situação do trabalhador rural era debatida. Isso me levou a estudar, para minha tese de mestrado, a migração e a modernização do setor”, explicou.
Para ele, a inauguração do Sítio Escola é uma resposta consistente a um problema que o país já está vivendo e pode se agravar caso medidas necessárias não sejam tomadas. “Acredito que o papel de um governo, além de organizar as políticas públicas, é mudar a correlação de forças. Não fosse o governo Lula e o governo Dilma, esse diálogo de igual para igual entre trabalhadores e empresários não existiria. Não teríamos criado as condições para que esse momento existisse”, ressaltou.
Edinho ressaltou o papel do Governo Federal em liderar um processo de diálogo entre todos os setores envolvidos na cadeia produtiva, construindo pontos de unidade. “Isso é fruto de um governo que se preocupou com o desenvolvimento econômico, que fez com o país crescesse, que o empresariado se fortalecesse, mas que nunca se esqueceu de que veio para transformar. Para que os trabalhadores tivessem seus direitos garantidos e que a qualidade de vida fosse direito de muitos”.
Esperança
Gilberto Carvalho, em seu discurso, falou sobre o significado do Sítio Escola para milhares de família. “Estamos num lugar sagrado porque aqui se cultua a esperança, a renovação da vida de muita gente”. Para ele, é preciso multiplicar ações como essa de Barra Bonita, onde vários interesses se uniram em busca de um único objetivo: colaborar para a recolocação profissional dos trabalhadores da cana.
Para ele, muita coisa mudou no Brasil desde que um sindicalista metalúrgico se tornou presidente. “Tudo é possível nesse país para o trabalhador. Nossos sonhos não têm mais limites”.
Gilberto reafirmou o compromisso do Governo da Presidenta Dilma em mudar as condições do trabalhador da cana e ressaltou não só a disposição para o diálogo, para unificar todos os setores envolvidos, como o novo programa lançado, o PronaCampo, que prevê a destinação de 400 mil vagas para qualificação de trabalhadores rurais. “Continuem lutando, se organizem e tenham confiança. Não vamos falhar nesse compromisso”.