Penélope Vergueiro tem inspiração em fato real

21/06/2012 - 03h31

O espetáculo “Penélope Vergueiro” é inspirado num fato presenciado na Rua Vergueiro, em 2005. A encenação da Penélope Cia de Teatro acontece na Semana Luiz Antônio Martinez Corrêa – uma realização da Prefeitura de Araraquara – Secretaria Municipal da Cultura e Fundart – na sexta-feira (22), às 20h30, no Teatro Municipal. Os ingressos são limitados (150 lugares) e gratuitos e podem ser retirados no dia da apresentação, a partir da 13 horas, na bilheteria do teatro. Com Erika Coracini, Paula Carrara e Rimenna Procópio, o espetáculo dirigido por Carlos Canhameiro é inspirado num fato presenciado na Rua Vergueiro, em 2005: um veículo avança o sinal vermelho, cruza a avenida e colide com outro veículo estacionado. Vale destacar o respaldo de Mônica Zaher na consultoria de imagem de “Penélope Vergueiro”.
Com 60 minutos e classificação para maiores de 14 anos de idade, “Penélope Vergueiro” destrincha o acontecimento amoroso e os seus desdobramentos, transformando um fato cotidiano caótico, um acidente de carro, em possibilidades e olhares diversos sobre a mesma mulher e o seu amor vivenciado.
O inusitado é que o primeiro veículo colide inúmeras vezes no outro carro, tentando mesmo atropelar o motorista, quando esse sai do carro, para então entender-se que o motorista do primeiro carro é a esposa traída que pega o marido em flagrante com a amante.
A peça coloca o público como um observador ocular, testemunha e recriador de cada ação. O quebra-cabeça sobre o amor e suas possibilidades, ou sobre o desamor e seu desencontro social é montado por cada olhar que ali se encontra como testemunha da arte e deste ato performático.
Com uma dramaturgia fragmentada, que intercala cenas textuais e trechos irônicos, a dança e a sinestesia do movimento são recursos cênicos amplamente utilizados, aproximando-nos da pungência de um ato desesperado. Assim, Penélope Vergueiro busca alcançar a poesia escondida nas ruas da cidade de São Paulo, colocando voz e música nas personagens desta história: a mulher traída, o marido e a amante.
A proposta é de um público participativo, consciente dos processos da ação. Assim, os espectadores são incluídos no acontecimento, no acidente. A cena se apóia em conexões em rede nas quais fragmentos, colagens, simultaneidade, imagens se constituem como instrumento de exposição cênica.
Penélope Vergueiro é o caleidoscópio de imagens cujo fim é a própria imagem, como um carro que colide noutro e só quem presencia sabe o som produzido, porque depois serão apenas restos e cacos sobre o asfalto. Como um acontecimento único, que só quem está presente pode vivenciar, é que a peça apresenta-se ao público, partícipe espontâneo e indesejado, como qualquer pessoa que ao andar pelos quarteirões de sua cidade pode ser ao deparar-se com a teatralidade inesperada e constante das ruas.
O palco vazio durante o espetáculo transforma-se constantemente a cada situação compartilhada, sendo povoado pelo público, pelas imagens dessa mulher, e por objetos particulares desse feminino amoroso ali exposto. Das caixas de papelão saem camisas, bolsas, secador de cabelo, batedeira, ovos, cenouras, escovas de cabelo, batom... pedaços desta mulher que vão sendo apresentados como peças de um quebra-cabeça.