Volta das sacolas plásticas aos supermercados continua gerando discussão

Professor da Uniara aborda a questão e fala de hábitos da sociedade, conscientização e consequências para o meio ambiente

06/07/2012 - 03h04

A Justiça determinou que as sacolas plásticas voltem a ser disponibilizadas pelos supermercados. Com a medida, a discussão quanto ao seu descarte volta à tona. O professor de Biologia do Centro Universitário de Araraquara – Uniara Adalberto Cunha falou sobre o assunto e suas consequências para o meio ambiente.
Na opinião do docente, o fator principal para o retorno das sacolas foram as reclamações dos consumidores e a ação do Ministério Público, que forçou o processo. “Quanto aos fabricantes de material plástico derivado de petróleo, acho que não tiveram grande influência”, reflete.  Para ele, a campanha para a substituição das sacolinhas começou de forma errada e, por isso, acabou não sendo bem aceita. “Ela veio ‘de cima pra baixo’, isso é, foi uma imposição dos supermercados, com um ‘discurso’ que deixou muitas questões sem resposta. Com o tempo de troca curto, sem opções e uma divulgação errada, o que o consumidor iria ter de vantagem?”, questiona.
De acordo com Cunha, a sociedade criou o hábito de usar esse tipo de embalagem e tornou-se dependente dela. Reverter o processo é bastante complicado. “A meu ver, essa mudança de comportamento é difícil e demorada. Exige uma grande conscientização e muitos exemplos que sensibilizem o consumidor. Tempo é algo fundamental para mudanças, mas é preciso tomar a iniciativa, e acho que, se começarmos pelas crianças, já seria um grande passo”, avalia.
O professor afirma que, no caso das sacolas, o que poderia ajudar é um programa gradativo de substituição de materiais plásticos, não só dos supermercados, mas também de lojas, açougues, quitandas, etc. “Até as embalagens de refrigerantes estão utilizando esses novos tipos de ‘plásticos’, os biodegradáveis. Muitas empresas já fazem uso desses novos materiais que, aos poucos, substituirão os tradicionais, mas todo esse processo demora, por vários motivos, como preço, pressões de grandes grupos econômicos e falta de conhecimentos da população e de divulgação, entre outros”, diz.
Ele explica que existem sacolas similares, porém, biodegradáveis, mas que ainda não são muito utilizadas pela população. “O que acontece é que a química de produção - na verdade, moléculas químicas – utilizadas nesse tipo de material podem ser ‘quebradas’ no processo de decomposição, o que é mais difícil no caso das moléculas derivadas do petróleo, que compõem as embalagens tradicionais”, detalha.
Cunha salienta que a questão não se reduz somente à sacola plástica, mas a todos os materiais fabricados de plástico derivado do petróleo. “Esse material tem um tempo de vida muito grande na natureza para ser decomposto, sendo que, para cada tipo, há uma estimativa muito alta. Mil anos, cinco mil anos, há diferentes estimativas”, finaliza.