Câmara aprova reajuste dos servidores de Araraquara

11/05/2011 - 03h35

A Câmara Municipal de Araraquara aprovou nesta terça-feira (10), durante a Sessão Ordinária realizada no Palacete Carlos Alberto Manço, o projeto de lei da Prefeitura que determina o reajuste do funcionalismo para 2011. A reunião do Legislativo aconteceu com a presença de pouco mais de 40 grevistas, liderados por Marcos Zambone, vice-presidente do Sindicato da categoria, o Sismar.
Movimentada, a Sessão foi marcada por acalorados debates entre líderes da situação e da oposição; todos, motivados pela fala de Zambone, que da Tribuna Popular, defendeu a aprovação de vistas por parte dos vereadores no projeto enviado pela Prefeitura. 
“Pedimos aos vereadores que não aprovem o projeto enviado pela Prefeitura, porque nós não temos pressa e nunca deixamos de negociar. Queremos mais tempo para continuar conversando com o governo um aumento melhor”, falou.
Logo depois, o líder do governo, vereador João Farias, afirmou que ninguém, entre os líderes do movimento grevista pode dizer que nunca deixou a mesa de negociações e ao mesmo tempo partir para a greve. “Isso não existe. Partir para a radicalização diante de uma Prefeitura que nunca se negou a conversar e fazer isso mais de uma semana antes do fechamento da folha de pagamento é, no mínimo, um grave erro”, disse.
Para ele, a greve é um equivoco sob o ponto de vista sindical. “Não dá pra entender certas afirmações que ouvimos aqui. Afinal, os servidores ficaram mais de oito anos colecionando perdas salariais em Araraquara, e agora, depois de passados 3 anos do governo Marcelo, só colecionam reajustes com ganhos reais e ainda assim fazem greve.
Sinceramente, não dá para entender! O instrumento da greve deve ser o último de uma negociação salarial. Não se pode radicalizar dessa forma”, destacou.

Passado 
Em seguida, palavras ecoaram pelo plenário em protesto pelo fato de vereadores da situação “puxarem” o debate para a comparação entre o que o governo atual está dando de reajuste, ao que a administração anterior deu. A fala provocou a reação imediata do vereador João Farias, que não se fez de rogado ao microfone afirmando que o momento é, sim, para discutir o passado.
“Digo isso porque aqueles que querem esquecer o que aconteceu, apagar o que se passou, devem ter coragem de subir aqui e dizer que não estão preparados para tomar o microfone e defender o que seu governo fez, e não estão, porque não foram capazes de fazer melhor. Aliás, fizeram muito pior! Porque fatos não se discutem, e nos oito anos do governo anterior os servidores colecionaram 30% de perdas em seu salário”.
Em seguida o vereador disse que ninguém pode reclamar quando alguém afirma que a greve está politizada. “O movimento radicalizou desde o início, e os oradores ficam diante do prédio da Prefeitura fazendo discursos inflamados, carregados de fundamento político, agredindo o prefeito, agredindo secretários municipais, vereadores, só para tentar manter na ativa uma greve que não teve muita adesão”, destacou.
Na seqüência, o presidente da Câmara, vereador Aluisio Braz, o Boi (PMDB), tomou a palavra, ressaltando que os 5% de aumento real que o funcionalismo recebeu no último mês de março não deve ser visto como promessa do ano passado. “Porque o que vale é dinheiro no bolso. E esse dinheiro está no bolso. E esse discurso de que não se pode discutir o passado não existe. O passado deve ser lembrado, sim. Se foi bom, deve ser lembrado, e se não foi deve ser lembrado também”, falou.

Protestos 
É triste saber que a vereadora Márcia Lia afirmou durante a assembléia dos servidores que ela estava no evento porque o Chediek também ficava lá durante o governo Edinho.
Isso é um absurdo, porque ao contrário da vereadora, durante o governo anterior eu participava das reuniões com os representantes da administração e ajudava o sindicato nas negociações. Por isso, não aceito que usem meu nome para justificar ações políticas”, falou Chediek.
Ainda durante a Sessão, membros do Sismar falavam pelos bastidores da Casa que estavam planejando entrar com uma ação popular contra o prefeito pela nomeação de vereadores para Secretarias de seu governo. Segundo os sindicalistas, a nomeação de parlamentares para ocupar cargos na administração visava apenas ampliar a maioria governista no Legislativo – com a entrada dos suplentes na Câmara.
Márcia Lia, ao final da derrubada do veto e da conseqüente aprovação do projeto de lei que determinou o reajuste, protestou contra o que ela afirmou ser a subserviência da Casa ao Executivo. “O prefeito agiu de forma truculenta, antidemocrática ao enviar, goela abaixo da Câmara, um projeto que não interessava a ninguém e que vai de encontro ao desejo do sindicato, que quer continuar negociando”, falou.
Na assistência, um dirigente partidário se dirigiu aos vereadores lembrando que no ano de 2008 o governo Edinho Silva (PT) agiu da mesma maneira, enviando projeto similar para votação na Câmara – o prefeito, no momento da greve, estava em Washington, EUA -. O Legislativo, na época, era presidido por pela vereadora Edna Martins, então no PT. Hoje, Edna está no PV.

Reajuste:
Do texto aprovado na terça-feira pela Câmara consta os reajustes de 6,01% - repasse da inflação -; 5% de aumento real - concedidos em março -; aplicação de 6,01% no vale alimentação; incorporação de R$ 28,00 do premio assiduidade no vale alimentação - que passará dos atuais R$ 270,00 para R$ 315,00 (coma transferência de parte do prêmio mais o reajuste) -; criação de uma bonificação assiduidade anual de R$ 450,00, paga de acordo com o número de faltas, para beneficiar os servidores assíduos.
Com tudo isso, o ganho real dos servidores na atual administração, em pouco mais de dois anos do governo Marcelo, passa a ser de 7,43%. Definida a aprovação, o reajuste passa a valer imediatamente, o que deu direito à Prefeitura de recorrer junto ao TRT de Campinas contra a greve deflagrada pelo Sismar.