Oficina debate formas de melhorar atendimento a adolescentes em conflito com a lei

28/08/2012 - 03h49

<p style="text-align: justify;">Gestores das &aacute;reas de assist&ecirc;ncia social, educa&ccedil;&atilde;o, direitos humanos e sa&uacute;de est&atilde;o reunidos para estabelecer orienta&ccedil;&otilde;es t&eacute;cnicas sobre como tratar esse p&uacute;blico.<br />Representantes de todos os estados, do Distrito Federal e das capitais brasileiras est&atilde;o reunidos em Bras&iacute;lia, at&eacute; quarta-feira (29), para discutir e estabelecer orienta&ccedil;&otilde;es t&eacute;cnicas sobre o atendimento a adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas de liberdade assistida e presta&ccedil;&atilde;o de servi&ccedil;os &agrave; comunidade.<br />A articula&ccedil;&atilde;o entre os servi&ccedil;os de assist&ecirc;ncia social e as pol&iacute;ticas de sa&uacute;de, educa&ccedil;&atilde;o e direitos humanos, para melhorar o atendimento a esses jovens, &eacute; o tema principal da oficina de capacita&ccedil;&atilde;o promovida pelo Minist&eacute;rio do Desenvolvimento Social e Combate &agrave; Fome (MDS) e pelo F&oacute;rum Nacional de Secret&aacute;rios Estaduais de Assist&ecirc;ncia Social (Fonseas).<br />&nbsp;&ldquo;O que pretendemos &eacute; aprofundar a discuss&atilde;o para preencher as lacunas e hiatos das pol&iacute;ticas p&uacute;blicas voltadas a esse p&uacute;blico, de forma que elas possam responder &agrave;s demandas em outro patamar de qualidade&rdquo;, diz a secret&aacute;ria nacional de Assist&ecirc;ncia Social, Denise Colin.<br />Para a realiza&ccedil;&atilde;o da oficina, o MDS preparou um caderno preliminar de orienta&ccedil;&otilde;es t&eacute;cnicas, que norteia as discuss&otilde;es entre os gestores estaduais e das capitais e os representantes da assist&ecirc;ncia social, sa&uacute;de, educa&ccedil;&atilde;o, direitos humanos e do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase).<br />Segundo a secret&aacute;ria, a cria&ccedil;&atilde;o por lei do Sinase, em janeiro deste ano, fez surgir a necessidade de rediscutir e aprofundar as orienta&ccedil;&otilde;es t&eacute;cnicas para os servi&ccedil;os destinados a esses jovens, de forma intersetorial.<br />No Sistema &Uacute;nico de Assist&ecirc;ncia Social (Suas), os Centros de Refer&ecirc;ncia Especializados de Assist&ecirc;ncia Social (Creas) s&atilde;o as unidades que oferecem servi&ccedil;os de acolhimento e acompanhamento destinados aos jovens em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, especificamente a liberdade assistida e a presta&ccedil;&atilde;o de servi&ccedil;os &agrave; comunidade.<br />A lei de cria&ccedil;&atilde;o do Sinase determina que os planos de atendimento socioeducativo dos estados e munic&iacute;pios dever&atilde;o, obrigatoriamente, prever a&ccedil;&otilde;es articuladas nas &aacute;reas de educa&ccedil;&atilde;o, sa&uacute;de, assist&ecirc;ncia social, cultura, capacita&ccedil;&atilde;o para o trabalho e esporte, para os adolescentes atendidos, em conformidade com os princ&iacute;pios elencados no Estatuto da Crian&ccedil;a e do Adolescente (ECA).&nbsp;<br />Sujeitos de direitos - &ldquo;A pol&iacute;tica de assist&ecirc;ncia social n&atilde;o pode ser o lugar onde se opera o vazio das pol&iacute;ticas de outros setores. Nosso desafio, enquanto Estado, &eacute; tratar esses adolescentes como sujeitos de direitos que s&atilde;o&rdquo;, defende o secret&aacute;rio de Desenvolvimento Social e Transfer&ecirc;ncia de Renda do Distrito Federal e representante do Fonseas, Daniel Seidel.<br />&ldquo;O resultado desse trabalho &eacute; bem mais do que a divis&atilde;o de tarefas e responsabilidades, mas a busca da supera&ccedil;&atilde;o de preconceitos e limita&ccedil;&otilde;es hist&oacute;ricas que atrapalham a concretiza&ccedil;&atilde;o da garantia de direitos a esses jovens, conforme prev&ecirc; a Constitui&ccedil;&atilde;o Federal.&rdquo;<br />A coordenadora nacional do Sinase, Thelma de Oliveira, concorda com Seidel. Para ela, embora a legisla&ccedil;&atilde;o brasileira seja coerente sobre o que representa a medida socioeducativa, ainda n&atilde;o h&aacute; consenso sobre o tema na sociedade. &ldquo;Enquanto caminhamos para a constru&ccedil;&atilde;o de um sistema de restitui&ccedil;&atilde;o de direitos a esses adolescentes, ao mesmo tempo setores mais conservadores da sociedade pressionam pela redu&ccedil;&atilde;o da maioridade penal no Brasil&rdquo;, compara. &ldquo;&Eacute; um conflito real e que dificulta a chegada a um consenso m&iacute;nimo sobre o sentido da aplica&ccedil;&atilde;o de medidas socioeducativas.&rdquo;<br />A liberdade assistida &eacute; uma medida em que o adolescente infrator permanece solto, mas com restri&ccedil;&atilde;o de direitos. Ela prev&ecirc; o acompanhamento por um orientador e o estabelecimento de um plano individual de atendimento, apoiado pela equipe de assist&ecirc;ncia e pela fam&iacute;lia.<br />A presta&ccedil;&atilde;o de servi&ccedil;os &agrave; comunidade tamb&eacute;m estabelece o plano individual de atendimento e o acompanhamento profissional. Al&eacute;m disso, prev&ecirc; a realiza&ccedil;&atilde;o pelo adolescente de servi&ccedil;os comunit&aacute;rios gratuitos e de interesse geral em hospitais, escolas e institui&ccedil;&otilde;es socioassistenciais, entre outras.<br />De acordo com a diretora do Departamento de Prote&ccedil;&atilde;o Social Especial do MDS, Telma Maranho, o Brasil tem hoje 18 mil adolescentes cumprindo medidas socioeducativas em meio fechado e outros 70 mil em liberdade assistida ou presta&ccedil;&atilde;o de servi&ccedil;os &agrave; comunidade. A estes &uacute;ltimos dirigem-se os servi&ccedil;os prestados nos Creas. &ldquo;&Eacute; um p&uacute;blico crescente e preocupante que, muitas vezes, viola direitos, porque tem um hist&oacute;rico de direitos violados desde a inf&acirc;ncia. Esse cen&aacute;rio exige de nos uma articula&ccedil;&atilde;o e um entendimento mais profundo sobre como o Estado deve atuar no resgate de direitos desses meninos e meninas&rdquo;, afirma Telma.</p>