<p style="text-align: justify;">Carta apreendida em presídio denúncia que outros advogados também participam de esquema de entrada de celulares no presídio<br />O advogado Roberto José Nassutti Fiore, de 43 anos, foi levado para a Penitenciária Regional de Araraquara nesta sexta-feira (30). Ele cumpria prisão domiciliar e não reagiu à detenção.<br />O mandado de prisão foi expedido pela Justiça no final da manhã. O delegado Elton Hugo Negrini, titular da DIG, está concluindo provas contra o defensor. O inquérito deve ser concluído nos próximos dias.<br />A DIG tem fortes indícios da culpa de Fiore no episódio das muletas recheadas com seis celulares e que seriam levadas à Penitenciária Regional pelo detento Nilton Senapeschi, 42.<br />Fiore poderia receber R$ 8 mil, caso os celulares chegassem ao presídio. O delegado Fernando Bravo, da DIG, só não soube precisar se o dinheiro seria pago por cada aparelho ou pelo lote apreendido.<br />A investigação teve acesso aos registros de entrada e saída de pessoas na Penitenciária de Araraquara. Na última sexta-feira (24), as 14h20, Fiore visitou dez detentos. Três presos estão ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). <br />Entre os presos visitados, estava o companheiro de cela de Senapeschi, que quebrou a muleta ao chegar no Fórum na segunda-feira (27).<br />A investigação comprometem ainda mais a situação do advogado. A polícia não tem dúvida do envolvimento de Fiore com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (que lidera os presídios no Estado). <br />O delegado Fernando Bravo, da DIG, acredita que Senapeschi tenha entrado como “laranja” no esquema de facilitação de entrada de aparelhos celulares dentro do presídio. Segundo o policial, Senapeschi sairia da prisão em poucos dias. Bravo acredita que ele – detento - não iria ao ponto de ter sua saída prorrogada. <br />Antes do episódio da apreensão dos celulares, a polícia já investigava o esquema de entrada de celulares na unidade prisional local.<br />Uma carta apreendida dentro da penitenciária no último dia 13 de agosto, alertou a polícia sobre esse tipo de crimes. O texto do manuscrito revela que outros advogados façam parte do esquema para levar os aparelhos aos detentos.<br />Em um trecho da carta escrita no dia 9 de agosto, havia informação de que os presos receberiam em breve novos telefones móveis. <br />O manuscrito revela que um preso identificado como “ sintonia Raio 1”, relata que já está tomando as medidas cabíveis juntamente com a sintonia dos gravatas”. A carta deveria ser entregue ao detento intitulado “Raio 8”. <br />O termo “gravatas” significa advogados dos presos. Como a palavra foi escrita no plural, a polícia acredita que existem outros advogados no esquema. <br />Outro trecho da carta relata a facilidade dos aparelhos entrarem na penitenciária. “Fala pra ele (detento) que tem mais seis aparelhos que foram jogados na muralha segunda-feira (e que é para) ele pegar no mesmo lugar que ele pegou os outros”. <br />O preso que elaborou a carta também enaltece a facção criminosa. “Todos devem lutar para mostrar o significado do Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele continua dizendo que a força da facção “é muito grande”.</p>