Teste rápido diagnostica tuberculose em duas horas

Expectativa é que exame esteja disponível no SUS até o segundo semestre do próximo ano

23/10/2012 - 03h00

<p style="text-align: justify;">Um teste inovador para a identifica&ccedil;&atilde;o r&aacute;pida da tuberculose ser&aacute; oferecido no Sistema &Uacute;nico de Sa&uacute;de at&eacute; o segundo semestre do pr&oacute;ximo ano. O GeneXpert &ndash; testado experimentalmente em Manaus (AM) e no Rio de Janeiro (RJ) &ndash; &eacute; capaz de diagnosticar a doen&ccedil;a em duas horas e com risco m&iacute;nimo de contamina&ccedil;&atilde;o, uma vez que a an&aacute;lise &eacute; totalmente automatizada, sem a necessidade de manuseio das amostras pelo profissional de sa&uacute;de respons&aacute;vel pelo exame. Al&eacute;m disso, o teste identifica &ndash; tamb&eacute;m de forma mais r&aacute;pida e com maior precis&atilde;o &ndash; resist&ecirc;ncia ou n&atilde;o &agrave; rifampicina, que &eacute; o antibi&oacute;tico usado no tratamento da tuberculose, o que facilita a prescri&ccedil;&atilde;o tamb&eacute;m mais &aacute;gil e correta do tratamento da doen&ccedil;a.<br />&nbsp;&ldquo;Quanto mais r&aacute;pido &eacute; o diagn&oacute;stico da tuberculose, mais r&aacute;pida tamb&eacute;m &eacute; a cura e menor &eacute; o risco de sequela ao paciente e de dissemina&ccedil;&atilde;o da doen&ccedil;a&rdquo;, explica o ministro da Sa&uacute;de, Alexandre Padilha. O estudo de implementa&ccedil;&atilde;o, aceitabilidade e custo-efetividade do uso do teste r&aacute;pido para tuberculose &eacute; financiado pela Funda&ccedil;&atilde;o Bill &amp; Melinda Gates, com investimento de 1,8 milh&atilde;o de d&oacute;lares. Depois de Manaus e do Rio de Janeiro &ndash; onde come&ccedil;ou no &uacute;ltimo m&ecirc;s de fevereiro, com um total de 13.307 testes realizados &ndash; o projeto segue para as demais capitais do pa&iacute;s.&nbsp;<br />&nbsp;Dos exames feitos em Manaus e no Rio, 14,2% deram positivos. A avalia&ccedil;&atilde;o preliminar dos testes revelou que, al&eacute;m do diagn&oacute;stico mais r&aacute;pido da doen&ccedil;a, foram identificados &ndash; tamb&eacute;m mais rapidamente &ndash; casos de resist&ecirc;ncia &agrave; rifampicina e uma grande aceitabilidade do m&eacute;todo pelos profissionais de sa&uacute;de. No exame tradicional (a baciloscopia do escarro), o resultado leva 24 horas e outros 60 dias para a an&aacute;lise da cultura de identifica&ccedil;&atilde;o de micobact&eacute;rias. &ldquo;O GeneXpert &eacute; totalmente automatizado. &Eacute; uma m&aacute;quina que identifica fragmentos do DNA da micobact&eacute;ria no escarro. Por isso, ele &eacute; bem mais seguro para o profissional de sa&uacute;de&rdquo;, destaca o ministro.<br />&nbsp;SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE &ndash; No exame tradicional, s&atilde;o necess&aacute;rios 60 dias para realizar o cultivo da micobact&eacute;ria e outros 42 dias para se obter o diagn&oacute;stico de especificidade e sensibilidade (&agrave; rifampicina), que n&atilde;o ultrapassam 60% de precis&atilde;o. Com o novo teste, os &iacute;ndices de sensibilidade e especificidade chegam a 92,5% e 99%, respectivamente. &ldquo;O que diminui radicalmente a possibilidade de um resultado falso positivo&rdquo;, observa Alexandre Padilha.<br />&nbsp;Com o novo teste r&aacute;pido de tuberculose, espera-se, portanto, o aumento dos percentuais de detec&ccedil;&atilde;o segura da doen&ccedil;a para o tratamento precoce, maior agilidade no diagn&oacute;stico da chamada &ldquo;tuberculose resistente&rdquo; e, consequentemente, a redu&ccedil;&atilde;o da morbidade e mortalidade pela doen&ccedil;a.<br />&nbsp;CEN&Aacute;RIO &ndash; Ano passado, o pa&iacute;s registrou 71.337 casos de tuberculose. A publica&ccedil;&atilde;o Sa&uacute;de Brasil, apresentado pelo Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de na &uacute;ltima semana, aponta uma queda m&eacute;dia da taxa de incid&ecirc;ncia da tuberculose de 1,3% por ano, entre 2001 e 2011, totalizando uma taxa de 37,1/100 mil habitantes. Neste per&iacute;odo, a quantidade aproximada de &oacute;bitos pela doen&ccedil;a foi de 4,6 mil.<br />&nbsp;Aproximadamente 66% dos casos de tuberculose notificados em 2011 s&atilde;o do sexo masculino. A frequ&ecirc;ncia &eacute; maior entre homens de 25 e 34 anos e a incid&ecirc;ncia &eacute; maior entre 45 a 54 anos. Para o sexo feminino, tanto a frequ&ecirc;ncia quanto a incid&ecirc;ncia s&atilde;o maiores entre 25 e 34 anos.<br />&nbsp;RECONHECIMENTO &ndash; Ano passado, o Brasil conquistou o reconhecimento do Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial da Sa&uacute;de (OMS) pelo alcance antecipado do Objetivo do Mil&ecirc;nio no controle da tuberculose. A meta estipulava a revers&atilde;o da incid&ecirc;ncia e da mortalidade da doen&ccedil;a at&eacute; 2015, em compara&ccedil;&atilde;o com os casos registrados em 1990. A OMS reconheceu que a meta foi atingida quatro anos antes do previsto, j&aacute; que o pa&iacute;s apresentou uma redu&ccedil;&atilde;o de 50% na taxa de mortalidade, segundo estimativas da pr&oacute;pria Organiza&ccedil;&atilde;o, e tend&ecirc;ncia de queda da taxa de incid&ecirc;ncia, na compara&ccedil;&atilde;o de dados entre 1990 e 2011.<br />&nbsp;A&Ccedil;&Otilde;ES &ndash; Desde 2002, o investimento do Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de no controle da doen&ccedil;a foi ampliado em 17 vezes. H&aacute; uma d&eacute;cada, foram destinados 5,2 milh&otilde;es de d&oacute;lares para o Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT). Em 2011, os recursos chegaram a 87,7 milh&otilde;es de d&oacute;lares.<br />&nbsp;Como a tuberculose atinge principalmente popula&ccedil;&otilde;es carentes, com dificuldade de acesso aos servi&ccedil;os de sa&uacute;de e baixa prioridade para o desenvolvimento de novas tecnologias em sa&uacute;de, o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de buscou aproximar as a&ccedil;&otilde;es estrat&eacute;gicas de maneira mais integrada a outros programas, como Sa&uacute;de da Fam&iacute;lia. O PNCT tamb&eacute;m passou a incorporar o escopo do Plano Brasil Sem Mis&eacute;ria, que tem por objetivo alcan&ccedil;ar as fam&iacute;lias extremamente pobres que n&atilde;o est&atilde;o inclu&iacute;das nos programas de transfer&ecirc;ncia de renda, e viabilizar o acesso aos servi&ccedil;os p&uacute;blicos na &aacute;rea de educa&ccedil;&atilde;o, sa&uacute;de, saneamento b&aacute;sico, assist&ecirc;ncia social, seguran&ccedil;a alimentar, entre outros.</p>