Assentados prometem nova mobilização na sede do Incra

Vereador Édio Lopes busca acordo sobre cultivo e colheita de cana no Assentamento Bela Vista

30/10/2012 - 02h30

<p style="text-align: justify;"><br />O vereador &Eacute;dio Lopes (PT) acompanhar&aacute; os trabalhadores dos Assentamentos Bela Vista e Monte Alegre que far&atilde;o nova mobiliza&ccedil;&atilde;o na manh&atilde; desta ter&ccedil;a-feira, 30 de outubro, na sede do Instituto Nacional de Coloniza&ccedil;&atilde;o e Reforma Agr&aacute;ria (Incra). Eles esperam obter autoriza&ccedil;&atilde;o para colher a safra de cana j&aacute; plantada, entre outras reivindica&ccedil;&otilde;es.<br />Ap&oacute;s uma reuni&atilde;o em que n&atilde;o houve acordo, um grupo de cerca de 80 assentados ocupou a sede do &oacute;rg&atilde;o por cerca de quatro horas na tarde de segunda-feira, 29 de outubro. A Pol&iacute;cia Militar foi chamada e o vereador fez contato com a Superintend&ecirc;ncia do Incra, em S&atilde;o Paulo e conseguiu que o &oacute;rg&atilde;o voltasse a avaliar a proposta dos assentados. Diante disso, o grupo resolver deixar a sede.<br />A reuni&atilde;o teve in&iacute;cio &agrave;s 12 horas da manh&atilde; quando Afonso de Oliveira Bueno, chefe da Se&ccedil;&atilde;o de Desenvolvimento do Incra apresentou um documento em que afirma considerar que o modelo de plantio da cana adotado no Assentamento n&atilde;o est&aacute; de acordo com os preceitos do &oacute;rg&atilde;o. Assim, surgiu o impasse e os assentados resolveram trancar os port&otilde;es e impedir a sa&iacute;da dos funcion&aacute;rios. Por volta de 15 horas, a Secretaria Municipal da Agricultura forneceu sandu&iacute;ches a todos que estavam dentro da sede.<br /><br />Cana<br /><br />Os assentados querem vender a cana j&aacute; plantada, uma vez que as usinas s&oacute; dever&atilde;o comprar a atual safra at&eacute; dezembro. O Incra propos que eles assinem um acordo de erradica&ccedil;&atilde;o gradual at&eacute; 2015 para autorizar a colheita deste ano e se diz disposto voltar a negociar as reivindica&ccedil;&otilde;es. Os trabalhadores temem, por&eacute;m, que assinado o documento, o &oacute;rg&atilde;o volte atr&aacute;s.<br />&Eacute;dio Lopes espera que o Incra reveja sua posi&ccedil;&atilde;o e apresente um plano alternativo &agrave; cultura da cana e garanta cr&eacute;dito e financiamento aos assentados. De acordo com ele, &eacute; necess&aacute;rio estabelecer um diagn&oacute;stico da situa&ccedil;&atilde;o do Assentamento, levando em conta as peculiaridades da regi&atilde;o como forma de viabilizar o cultivo de outras culturas.<br />O parlamentar defende a elabora&ccedil;&atilde;o de um plano &ldquo;que crie condi&ccedil;&otilde;es estruturais para que os assentados n&atilde;o se rendam &agrave; cana e que ofere&ccedil;a melhores condi&ccedil;&otilde;es para a produ&ccedil;&atilde;o, comercializa&ccedil;&atilde;o e escoamento&rdquo;. Na opini&atilde;o de &Eacute;dio, &ldquo;o pessoal tem que manter a mobiliza&ccedil;&atilde;o, mas, ao mesmo tempo, n&atilde;o fechar os canais de di&aacute;logo e vamos apoi&aacute;-los&rdquo;.&nbsp;<br /><br />Manifesta&ccedil;&atilde;o<br /><br />Os assentados prometem lotar a sede do Incra. Os &ocirc;nibus devem chegar &agrave;s 9 horas. Silvani Silva, assentada e representante do Grupo P&eacute; Vermelho, afirma que &ldquo;vamos esperar a resposta; se eles n&atilde;o nos atenderem, vamos entrar com um mandado de seguran&ccedil;a coletivo para que a gente possa colher a cana&rdquo;.<br />Silvani destaca que &ldquo;n&atilde;o falamos de viol&ecirc;ncia, falamos de paz e queremos paz a tranquilidade para trabalhar&rdquo;. Ela garante que &ldquo;n&atilde;o queremos o plantio da cana de qualquer jeito, queremos plantar mais alimentos, mas precisamos dos recursos da venda da cana&rdquo;. Ela defende que o Incra firme parcerias com universidades como USP e Unesp para apoio e assist&ecirc;ncia t&eacute;cnica aos assentados. &nbsp;<br />De acordo com a assentada Maria Solange Barbosa, de 76 anos, &ldquo;faz mais de 20 anos que eles [Incra] enrolam a gente; a gente quer trabalhar, n&atilde;o tem ningu&eacute;m pedindo dinheiro para o Incra, o que gente pede &eacute; o nosso direito de trabalhar&rdquo;. Ela fez cr&iacute;ticas ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais e aos t&eacute;cnicos do &oacute;rg&atilde;o federal &ldquo;que v&ecirc;m passear &nbsp;e fazer rali caminhonete no Assentamento e n&atilde;o fazem nada por n&oacute;s&rdquo;.<br />Os assentados reclamam que o Incra n&atilde;o permite o plantio de cana, mas n&atilde;o disponibiliza recursos para a infraestrutura do Assentamento e que n&atilde;o apresenta propostas para o escoamento da produ&ccedil;&atilde;o.Relatam j&aacute; ter, sem sucesso, cultivado outras culturas, como frutas, mas o valor de mercado n&atilde;o cobre os custos da produ&ccedil;&atilde;o.</p>