<p style="text-align: justify;"><br />O vereador Édio Lopes (PT) acompanhará os trabalhadores dos Assentamentos Bela Vista e Monte Alegre que farão nova mobilização na manhã desta terça-feira, 30 de outubro, na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Eles esperam obter autorização para colher a safra de cana já plantada, entre outras reivindicações.<br />Após uma reunião em que não houve acordo, um grupo de cerca de 80 assentados ocupou a sede do órgão por cerca de quatro horas na tarde de segunda-feira, 29 de outubro. A Polícia Militar foi chamada e o vereador fez contato com a Superintendência do Incra, em São Paulo e conseguiu que o órgão voltasse a avaliar a proposta dos assentados. Diante disso, o grupo resolver deixar a sede.<br />A reunião teve início às 12 horas da manhã quando Afonso de Oliveira Bueno, chefe da Seção de Desenvolvimento do Incra apresentou um documento em que afirma considerar que o modelo de plantio da cana adotado no Assentamento não está de acordo com os preceitos do órgão. Assim, surgiu o impasse e os assentados resolveram trancar os portões e impedir a saída dos funcionários. Por volta de 15 horas, a Secretaria Municipal da Agricultura forneceu sanduíches a todos que estavam dentro da sede.<br /><br />Cana<br /><br />Os assentados querem vender a cana já plantada, uma vez que as usinas só deverão comprar a atual safra até dezembro. O Incra propos que eles assinem um acordo de erradicação gradual até 2015 para autorizar a colheita deste ano e se diz disposto voltar a negociar as reivindicações. Os trabalhadores temem, porém, que assinado o documento, o órgão volte atrás.<br />Édio Lopes espera que o Incra reveja sua posição e apresente um plano alternativo à cultura da cana e garanta crédito e financiamento aos assentados. De acordo com ele, é necessário estabelecer um diagnóstico da situação do Assentamento, levando em conta as peculiaridades da região como forma de viabilizar o cultivo de outras culturas.<br />O parlamentar defende a elaboração de um plano “que crie condições estruturais para que os assentados não se rendam à cana e que ofereça melhores condições para a produção, comercialização e escoamento”. Na opinião de Édio, “o pessoal tem que manter a mobilização, mas, ao mesmo tempo, não fechar os canais de diálogo e vamos apoiá-los”. <br /><br />Manifestação<br /><br />Os assentados prometem lotar a sede do Incra. Os ônibus devem chegar às 9 horas. Silvani Silva, assentada e representante do Grupo Pé Vermelho, afirma que “vamos esperar a resposta; se eles não nos atenderem, vamos entrar com um mandado de segurança coletivo para que a gente possa colher a cana”.<br />Silvani destaca que “não falamos de violência, falamos de paz e queremos paz a tranquilidade para trabalhar”. Ela garante que “não queremos o plantio da cana de qualquer jeito, queremos plantar mais alimentos, mas precisamos dos recursos da venda da cana”. Ela defende que o Incra firme parcerias com universidades como USP e Unesp para apoio e assistência técnica aos assentados. <br />De acordo com a assentada Maria Solange Barbosa, de 76 anos, “faz mais de 20 anos que eles [Incra] enrolam a gente; a gente quer trabalhar, não tem ninguém pedindo dinheiro para o Incra, o que gente pede é o nosso direito de trabalhar”. Ela fez críticas ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais e aos técnicos do órgão federal “que vêm passear e fazer rali caminhonete no Assentamento e não fazem nada por nós”.<br />Os assentados reclamam que o Incra não permite o plantio de cana, mas não disponibiliza recursos para a infraestrutura do Assentamento e que não apresenta propostas para o escoamento da produção.Relatam já ter, sem sucesso, cultivado outras culturas, como frutas, mas o valor de mercado não cobre os custos da produção.</p>