<p style="text-align: justify;">A Coordenadoria Executiva de Promoção da Igualdade Racial e a Associação de Mulheres Negras Nzinga Mbandi iniciaram, nessa terça-feira (04), o curso de capacitação de Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN). As atividades acontecem na Uniara até o próximo dia 07 e são voltadas especificamente aos gestores e profissionais da saúde, com o objetivo de fornecer elementos para a implementação da política integral de saúde à população negra, uma das metas do governo do prefeito Marcelo Barbieri.<br />De acordo com a coordenadora de Promoção da Igualdade Racial, Alessandra de Cássia Laurindo, a idéia é desenvolver competências essenciais aos gestores da saúde, por meio de conteúdos estratégicos, para o fortalecimento profissional e institucional, tangentes à implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.<br />A abertura do evento foi marcada pela participação de Silvana Veríssimo (Associação de Mulheres Negras Nzinga Mbandi e Fórum Nacional de Mulheres Negras) e Nuno Coelho (Representante da Fundação Palmares no Estado de S. Paulo), além do curso ministrado por Carmem Solange Franco e Ana Margareth Magalhães, especialistas em anemia falciforme, da Coordenação Nacional do Sangue - Ministério da Saúde. Também esteve presente Izilda Toledo ARCAB (Associação Afro Brasileira de Bragança Paulista) e Lucia Helena Tavares Oliveira (Secretaria Estadual de Turismo).<br />Silvana Veríssimo, coordenadora do curso de capacitação, destacou que Araraquara é a quinta cidade do Estado a receber o curso, que deve ser expandido a outras regiões do Estado. “As pessoas não são iguais e a população negra tem suas especificidades. Não queremos privilégios, e sim um atendimento diferenciado a fim de melhorar a condição de saúde geral”, aponta. “A idéia é que, por meio do curso, os profissionais participantes levem as informações até suas unidades de saúde e as multipliquem”.<br />Entre as especificidades da saúde da população negra apontadas por Silvana, destacam-se: a chance sete vezes maior das mulheres negras terem miomas (tumores uterinos que nascem benignos e morrem benignos); e a maior tendência à hipertensão arterial (principalmente na gravidez). “A comunidade médica precisa prestar atenção para um bom atendimento. Afinal, isto pode evitar o óbito de muitas pessoas. A mortalidade da mulher negra chega a ser oito vezes maior que da mulher branca – o que poderia ser evitado com o pré-natal. Este quadro pode e deve ser controlado. Temos que ter este cuidado”, disse.<br />O representante da Fundação Palmares, Nuno Coelho, destacou que Araraquara vive um momento de transição, com um saldo positivo em sua agenda e nos serviços prestados. “Este curso provoca para se assumir uma nova postura, um novo compromisso para a maior eficiência nas políticas públicas da saúde da população negra. A agenda tem avançado e um conjunto de ações é necessário. São questões históricas, que não mudam da noite para o dia”.<br />Coelho também apontou a importância do Estatuto da Igualdade Racial. “Ele chega para ‘abraçar’ a temática da saúde da população negra, enfrentando o racismo institucional e a mudança dos números coletados na saúde. A questão do Quesito Cor também foi lembrada por Silvana. “É de muita importância, já que temos a necessidade de saber a cor das pessoas, a fim de coletar estes dados para termos os índices e realizarmos um estudo. As ações de saúde voltadas à população negra visam inserir o Quesito Cor como instrumento de identificação de prioridades, programas e políticas públicas”.<br />O curso é composto por quatro módulos. Nessa terça-feira foi abordada a temática “Racismo como determinante social na saúde/fundamentos e conceitos gerais”, buscando entender o contexto de como o racismo institucional está presente na saúde. Também foram abordadas estratégias de combate e de como melhorar o atendimento à população negra.<br />No segundo módulo, “Combate à mortalidade materna das mulheres negras, hipertensão arterial, diabetes e anemia falciforme”, serão abordadas as doenças mais prevalentes na população negra, seus diagnósticos e como tratá-las.<br />No terceiro módulo, “Troca de experiências”, tem como foco principal apresentar ações da sociedade civil já realizadas com êxito, sobre a temática da população negra. O último módulo "AIDS e População Negra" tem como objetivo apresentar os índices da epidemia na população negra e quais as estratégias de prevenção.<br />O curso de capacitação PNSIPN conta com o apoio do Ministério da Saúde, Coordenadoria da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme, Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados/DAE/SAS, Departamento de DST Aids e Hepatites Virais, Novo Hotel Municipal – Araraquara, SPM – Secretaria de Políticas para as Mulheres, SDH – Secretaria de Direitos Humanos e UNIARA.</p>