Professor da Uniara comenta sobre a renúncia de Bento XVI

Decisão tomada pelo Pontífice causou comoção em todo o mundo

21/02/2013 - 03h04

<p style="text-align: justify;">No in&iacute;cio de fevereiro, o Papa Bento XVI anunciou sua ren&uacute;ncia, que acontece oficialmente no dia 28, ao pontificado, causando a como&ccedil;&atilde;o e especula&ccedil;&atilde;o de fi&eacute;is e da m&iacute;dia de todo o mundo. O &uacute;ltimo Pont&iacute;fice a renunciar foi Greg&oacute;rio XII, em 1415.<br />O te&oacute;logo e coordenador do curso de Pedagogia do Centro Universit&aacute;rio de Araraquara &ndash; Uniara, Uiliam Folsta, fala sobre o assunto e explica os poss&iacute;veis motivos que levaram o Papa a tomar essa decis&atilde;o.<br />&ldquo;Do ponto de vista religioso, vejo nessa decis&atilde;o um ato de profunda f&eacute;. Bento XVI acredita ser apenas um servidor de Deus. Por isso, n&atilde;o sentiu que teria capacidade para continuar seu trabalho&rdquo;, comenta.<br />De acordo com ele, a m&iacute;dia analisa o fato levando em considera&ccedil;&atilde;o e tentando entender o que aconteceu ou acontece em Roma. &ldquo;Cada um especula dentro de sua vis&atilde;o, seja ela filos&oacute;fica, teol&oacute;gica, capitalista, socialista, com ou sem f&eacute;, do senso comum, de amigo ou inimigo&rdquo;, afirma.<br />Segundo Folsta, a decis&atilde;o foi uma surpresa. &ldquo;N&atilde;o houve manifesta&ccedil;&atilde;o expl&iacute;cita por parte do Vaticano sobre uma poss&iacute;vel ren&uacute;ncia. A leitura se faz depois dos atos ou palavras do Pont&iacute;fice sobre sua decis&atilde;o. O que importa &eacute; que a demonstra&ccedil;&atilde;o inesperada de carinho, mesmo em meio as violentas cr&iacute;ticas recebidas pelo Papa. Isso mostra que os verdadeiros cat&oacute;licos sabem separar o joio do trigo&rdquo;, conta.<br />Para o docente, as cr&iacute;ticas &agrave; Igreja n&atilde;o influenciaram na decis&atilde;o do &lsquo;Bispo de Roma&rsquo;. &ldquo;Pela sua forma&ccedil;&atilde;o e maturidade, n&atilde;o acredito nessa hip&oacute;tese. Foi falado at&eacute; em fracasso do Papa e em seu trabalho &agrave; frente da Igreja, como se ele fosse um executivo. Cr&iacute;ticas violentas ao catolicismo sempre existiram, basta olhar a hist&oacute;ria. Desde os prim&oacute;rdios, ou seja, h&aacute; dois mil anos, a institui&ccedil;&atilde;o cat&oacute;lica tem passado por grandes tormentas. Basta ler os evangelhos e as ep&iacute;stolas. Ela j&aacute; foi perseguida e tamb&eacute;m perseguidora. Hoje, caminha firme e orientando com grandeza&rdquo;, explica.<br />Sobre a especula&ccedil;&atilde;o de que o Papa estaria com uma doen&ccedil;a grave, o professor afirma que mesmo se essa informa&ccedil;&atilde;o for verdadeira, n&atilde;o seria por isso que ele deixaria a imensa responsabilidade de condutor da Igreja. &ldquo;Ele esperaria a morte iminente no &lsquo;cargo&rsquo;. Creio que sua decis&atilde;o de ren&uacute;ncia est&aacute; na impossibilidade de, pela idade, levar a cabo, como ele mesmo disse, uma renova&ccedil;&atilde;o da Igreja, que deve ser interpretada como um simples, mas profundo apelo de mudan&ccedil;a espiritual e desapego ao materialismo consumista. Ou ent&atilde;o, seria uma maneira de provocar altera&ccedil;&otilde;es na estrutura eclesial com a elei&ccedil;&atilde;o de um cardeal renovador&rdquo;, comenta.<br />Segundo o te&oacute;logo, &ldquo;ao contr&aacute;rio do que certos meios de comunica&ccedil;&atilde;o propagam, n&atilde;o h&aacute; alvoro&ccedil;o eleitoral, no col&eacute;gio dos cardeais. S&oacute; eles escolhem o Chefe da Igreja&rdquo;. &ldquo;&Eacute; claro que existem correntes de pensamento que se confrontam na escolha, e &eacute; &oacute;bvio que as qualidades que o novo Pont&iacute;fice deve ter s&atilde;o discutidas e, por meio desse consenso, o novo l&iacute;der da Igreja &eacute; escolhido&rdquo;, completa.<br />De acordo com o coordenador, n&atilde;o h&aacute; a possibilidade de imaginar quem ser&aacute; o novo Papa. &ldquo;Pelo Direito Can&ocirc;nico, qualquer fiel pode ser o Sumo Pont&iacute;fice. Por&eacute;m, &eacute; claro, que na pr&aacute;tica, isso se tornou invi&aacute;vel, dada a complexidade da fun&ccedil;&atilde;o. Entre os cardeais, n&atilde;o h&aacute; destaques, como a imprensa discute. A elei&ccedil;&atilde;o pode surpreender. At&eacute; hoje, a escolha de Jo&atilde;o XXIII foi uma surpresa&rdquo;, comenta.<br />Para o docente, a decis&atilde;o de Bento XVI enalteceu a imagem da Igreja. &ldquo;A grandeza de seu gesto ser&aacute; entendida melhor no futuro&rdquo;, finaliza.</p>