<p style="text-align: justify;">Os acidentes causados pela incidência de raios são cada vez mais frequentes. De acordo com o ambientalista e docente do Centro Universitário de Araraquara - Uniara, Adalberto Cunha, o raio é um fenômeno natural que ocorre em todas as regiões da Terra. “As nuvens se carregam eletricamente. É como se tivéssemos uma grande bateria com um pólo ligado à nuvem e também à terra. Se ligarmos um fio entre as duas, daremos um curto circuito na bateria, passando uma grande corrente elétrica. O raio nada mais é do que essa descarga atmosférica”, explica.<br />Segundo ele, o raio é um tipo de eletricidade natural. “Trata-se de um fenômeno de rara beleza, apesar dos perigos e acidentes que pode provocar. Em condições normais o ar é um bom isolante elétrico. Mas quando temos uma nuvem carregada, o ar começa a conduzir eletricidade porque a ‘voltagem’ existente entre a nuvem e a terra é muito alta. São vários milhões de volts”, comenta.<br />O docente afirma que a transferência de cargas entre a nuvem e o solo pode ser tanto por carga negativa, quanto positiva. “O primeiro caso é mais frequente, sendo o raio partido da nuvem. Porém, o segundo é muito mais perigoso, pois a eletrização ocorre da nuvem para o solo. Essas cargas são acumuladas em pontos no alto das torres metálicas e edifícios. Nesse caso, os prédios começam a ionizar o ar e seguem em direção à nuvem, é quando ocorre a transferência de cargas”, explica.Além disso, podem surgir raios onde o céu está limpo. “Esse tipo, normalmente positivo, é originado da parte mais alta de uma nuvem e viaja horizontalmente por uma boa distância, até fazer um movimento na direção vertical, atingindo o solo. A distância percorrida por ele pode chegar a dezesseis quilômetros”, conta Cunha.<br />Ele alerta que, “pela intensidade da descarga atmosférica, normalmente o raio é mortal para todos os seres vivos, já que a intensidade de transferência de eletricidade faz com que as funções vitais do atingido entrem em colapso”. Por isso, para evitar acidentes, a melhor opção é procurar um abrigo que, de preferência, tenha proteção contra raios. “As melhores são construções completamente fechadas, ou seja, com telhados e parede, e também veículos”, orienta.<br />Porém, o ambientalista aconselha que, “uma vez dentro das construções, é necessário evitar o contato com chuveiros, banheiras e equipamentos ligados à rede elétrica, devido ao risco de o raio atingir a rede de transmissão”. Entretanto, se não houver um abrigo por perto, “deve-se procurar algum lugar baixo para proteção, evitando ficar no alto de colinas, campos abertos, perto de árvores, rios, lagos e objetos metálicos como cercas e fios de energia”.<br />“Precisamos ficar atentos às condições atmosféricas e nos proteger em chuvas com grandes incidências de raios, que têm se tornado mais frequente em nossa região. Hoje, a tecnologia contra o fenômeno natural é muito eficiente. Porém, não podemos nos esquecer de sua manutenção, pois não adianta só colocar o sistema: é preciso cuidar periodicamente, com um pessoal especializado”, comenta.<br />De acordo com ele, o fato de um raio não cair duas vezes no mesmo local é mito. “Não há esse aspecto nas questões da natureza. É preferível se prevenir e buscar um abrigo adequado”, afirma.<br />O período em que os raios são mais comuns é o verão. “As chuvas são mais intensas e se acumulam em pequenas regiões, com nuvens com maior concentração de água. Com os ventos, os choques provocam as descargas”, explica.<br />Cunha menciona um levantamento realizado pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica – ELAT, órgão vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, que revela que, entre os anos de 1998 e 2011, 4.281 raios atingiram Araraquara, ou seja, 2,5 descargas por hora.<br />Ele relata que o Brasil é o campeão mundial em incidência de raios e, em seu território, pelo menos uma em cada cinquenta mortes são causadas por descargas elétricas no planeta. “São cerca de cem vítimas fatais, mais de duzentos feridos por ano e prejuízos de R$ 1 bilhão”, conta.<br />O docente explica que há diferenças entre o raio, o relâmpago e o trovão. “O trovão é o som causado pelo raio ou relâmpago e, apesar de muitas vezes causar medo, não traz nenhum dano às pessoas. Claro que, se o indivíduo estiver muito próximo ao local de queda do raio, a onda de ar que se propaga e causa o trovão pode arremessar a vítima contra um objeto, como uma árvore ou uma parede. O relâmpago se trata da ‘etapa invisível’ que vemos ‘descendo’ para a terra. São sempre de trajetórias sinuosas e irregulares, normalmente com muitas ramificações. Porém, o maior perigo está na descarga elétrica dos raios, que pode ser intensa, com uma corrente elétrica vinte vezes maior do que a de um chuveiro elétrico”, finaliza.</p>