Raios podem ser perigosos se não houver prevenção e busca por abrigos

Professor da Uniara fala dos cuidados que devem ser tomados com as descargas elétricas

20/03/2013 - 02h38

<p style="text-align: justify;">Os acidentes causados pela incid&ecirc;ncia de raios s&atilde;o cada vez mais frequentes. De acordo com o ambientalista e docente do Centro Universit&aacute;rio de Araraquara - Uniara, Adalberto Cunha, o raio &eacute; um fen&ocirc;meno natural que ocorre em todas as regi&otilde;es da Terra. &ldquo;As nuvens se carregam eletricamente. &Eacute; como se tiv&eacute;ssemos uma grande bateria com um p&oacute;lo ligado &agrave; nuvem e tamb&eacute;m &agrave; terra. Se ligarmos um fio entre as duas, daremos um curto circuito na bateria, passando uma grande corrente el&eacute;trica. O raio nada mais &eacute; do que essa descarga atmosf&eacute;rica&rdquo;, explica.<br />Segundo ele, o raio &eacute; um tipo de eletricidade natural. &ldquo;Trata-se de um fen&ocirc;meno de rara beleza, apesar dos perigos e acidentes que pode provocar. Em condi&ccedil;&otilde;es normais o ar &eacute; um bom isolante el&eacute;trico. Mas quando temos uma nuvem carregada, o ar come&ccedil;a a conduzir eletricidade porque a &lsquo;voltagem&rsquo; existente entre a nuvem e a terra &eacute; muito alta. S&atilde;o v&aacute;rios milh&otilde;es de volts&rdquo;, comenta.<br />O docente afirma que a transfer&ecirc;ncia de cargas entre a nuvem e o solo pode ser tanto por carga negativa, quanto positiva. &ldquo;O primeiro caso &eacute; mais frequente, sendo o raio partido da nuvem. Por&eacute;m, o segundo &eacute; muito mais perigoso, pois a eletriza&ccedil;&atilde;o ocorre da nuvem para o solo. Essas cargas s&atilde;o acumuladas em pontos no alto das torres met&aacute;licas e edif&iacute;cios. Nesse caso, os pr&eacute;dios come&ccedil;am a ionizar o ar e seguem em dire&ccedil;&atilde;o &agrave; nuvem, &eacute; quando ocorre a transfer&ecirc;ncia de cargas&rdquo;, explica.Al&eacute;m disso, podem surgir raios onde o c&eacute;u est&aacute; limpo. &ldquo;Esse tipo, normalmente positivo, &eacute; originado da parte mais alta de uma nuvem e viaja horizontalmente por uma boa dist&acirc;ncia, at&eacute; fazer um movimento na dire&ccedil;&atilde;o vertical, atingindo o solo. A dist&acirc;ncia percorrida por ele pode chegar a dezesseis quil&ocirc;metros&rdquo;, conta Cunha.<br />Ele alerta que, &ldquo;pela intensidade da descarga atmosf&eacute;rica, normalmente o raio &eacute; mortal para todos os seres vivos, j&aacute; que a intensidade de transfer&ecirc;ncia de eletricidade faz com que as fun&ccedil;&otilde;es vitais do atingido entrem em colapso&rdquo;. Por isso, para evitar acidentes, a melhor op&ccedil;&atilde;o &eacute; procurar um abrigo que, de prefer&ecirc;ncia, tenha prote&ccedil;&atilde;o contra raios. &ldquo;As melhores s&atilde;o constru&ccedil;&otilde;es completamente fechadas, ou seja, com telhados e parede, e tamb&eacute;m ve&iacute;culos&rdquo;, orienta.<br />Por&eacute;m, o ambientalista aconselha que, &ldquo;uma vez dentro das constru&ccedil;&otilde;es, &eacute; necess&aacute;rio evitar o contato com chuveiros, banheiras e equipamentos ligados &agrave; rede el&eacute;trica, devido ao risco de o raio atingir a rede de transmiss&atilde;o&rdquo;. Entretanto, se n&atilde;o houver um abrigo por perto, &ldquo;deve-se procurar algum lugar baixo para prote&ccedil;&atilde;o, evitando ficar no alto de colinas, campos abertos, perto de &aacute;rvores, rios, lagos e objetos met&aacute;licos como cercas e fios de energia&rdquo;.<br />&ldquo;Precisamos ficar atentos &agrave;s condi&ccedil;&otilde;es atmosf&eacute;ricas e nos proteger em chuvas com grandes incid&ecirc;ncias de raios, que t&ecirc;m se tornado mais frequente em nossa regi&atilde;o. Hoje, a tecnologia contra o fen&ocirc;meno natural &eacute; muito eficiente. Por&eacute;m, n&atilde;o podemos nos esquecer de sua manuten&ccedil;&atilde;o, pois n&atilde;o adianta s&oacute; colocar o sistema: &eacute; preciso cuidar periodicamente, com um pessoal especializado&rdquo;, comenta.<br />De acordo com ele, o fato de um raio n&atilde;o cair duas vezes no mesmo local &eacute; mito. &ldquo;N&atilde;o h&aacute; esse aspecto nas quest&otilde;es da natureza. &Eacute; prefer&iacute;vel se prevenir e buscar um abrigo adequado&rdquo;, afirma.<br />O per&iacute;odo em que os raios s&atilde;o mais comuns &eacute; o ver&atilde;o. &ldquo;As chuvas s&atilde;o mais intensas e se acumulam em pequenas regi&otilde;es, com nuvens com maior concentra&ccedil;&atilde;o de &aacute;gua. Com os ventos, os choques provocam as descargas&rdquo;, explica.<br />Cunha menciona um levantamento realizado pelo Grupo de Eletricidade Atmosf&eacute;rica &ndash; ELAT, &oacute;rg&atilde;o vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais &ndash; INPE, que revela que, entre os anos de 1998 e 2011, 4.281 raios atingiram Araraquara, ou seja, 2,5 descargas por hora.<br />Ele relata que o Brasil &eacute; o campe&atilde;o mundial em incid&ecirc;ncia de raios e, em seu territ&oacute;rio, pelo menos uma em cada cinquenta mortes s&atilde;o causadas por descargas el&eacute;tricas no planeta. &ldquo;S&atilde;o cerca de cem v&iacute;timas fatais, mais de duzentos feridos por ano e preju&iacute;zos de R$ 1 bilh&atilde;o&rdquo;, conta.<br />O docente explica que h&aacute; diferen&ccedil;as entre o raio, o rel&acirc;mpago e o trov&atilde;o. &ldquo;O trov&atilde;o &eacute; o som causado pelo raio ou rel&acirc;mpago e, apesar de muitas vezes causar medo, n&atilde;o traz nenhum dano &agrave;s pessoas. Claro que, se o indiv&iacute;duo estiver muito pr&oacute;ximo ao local de queda do raio, a onda de ar que se propaga e causa o trov&atilde;o pode arremessar a v&iacute;tima contra um objeto, como uma &aacute;rvore ou uma parede. O rel&acirc;mpago se trata da &lsquo;etapa invis&iacute;vel&rsquo; que vemos &lsquo;descendo&rsquo; para a terra. S&atilde;o sempre de trajet&oacute;rias sinuosas e irregulares, normalmente com muitas ramifica&ccedil;&otilde;es. Por&eacute;m, o maior perigo est&aacute; na descarga el&eacute;trica dos raios, que pode ser intensa, com uma corrente el&eacute;trica vinte vezes maior do que a de um chuveiro el&eacute;trico&rdquo;, finaliza.</p>