<p style="text-align: justify;">Nos últimos anos, é comum observar o aumento dos casos de dengue, principalmente na região de Araraquara, cidade que, em 2008, foi “campeã” nos números da doença. Segundo o ambientalista e docente do Centro Universitário de Araraquara – Uniara, Adalberto Cunha, “a dengue é uma doença infecciosa causada por um arbovírus, que vive em áreas tropicais e subtropicais do planeta”.<br />Ele explica que existem quatro tipos de vírus da doença. “A infecção ocorre pela picada da fêmea de um mosquito hematófago, ou seja, que suga o sangue, o Aedes aegypti. Não há transmissão pelo contato com um doente ou suas secreções, nem fontes de água ou alimento. O mosquito deve sugar o sangue de uma pessoa já infectada com o vírus para picar outra que ainda não esteja contaminada”, aponta.<br />“Após um período de incubação, que se inicia logo depois o contato do pernilongo com o vírus e que dura entre oito e doze dias, o mosquito está apto a transmitir a doença. Nos seres humanos, o vírus permanece em incubação durante um período que pode durar de três a quinze dias. Só após essa etapa é que os sintomas da dengue podem ser percebidos”, completa.<br />Segundo o ambientalista, não existe tratamento específico para a doença, nas sim para aliviar os sintomas. “Deve-se ingerir muito líquido como água, sucos, chás e soros caseiros. Os sintomas podem ser tratados com dipirona ou paracetamol. Além disso, não devem ser usados medicamentos à base de ácido acetil salicílico e antiinflamatórios, como aspirina, pois podem aumentar o risco de hemorragias”, alerta.<br />De acordo com Cunha, a maioria das infecções é assintomática. “Quando surgem, costumam evoluir em obediência a três formas clínicas: a dengue clássica, que é benigna e similar à gripe; a dengue hemorrágica, considerada mais grave e caracterizada por alterações da coagulação sanguínea, e a síndrome do choque associado à doença, forma raríssima, mas que pode levar à morte se não houver atendimento especializado”, explica.<br />Ele conta que a dengue clássica se inicia de maneira súbita, quando ocorre febre alta, que dura cinco dias, dor de cabeça, atrás dos olhos e nas costas, além disso, pode aparecer manchas vermelhas no corpo. “A melhora progressiva dos sintomas ocorre em dez dias. Em alguns poucos pacientes podem ocorrer hemorragias discretas na boca, na urina ou no nariz e, nesse caso, raramente há complicações”, diz.<br />A ação mais simples para prevenção da doença, como aponta o professor, é evitar o nascimento do mosquito. “Para isso, é preciso eliminar os lugares que eles escolhem para a reprodução. A regra básica é não deixar a água, principalmente limpa, parada em qualquer tipo de recipiente como, por exemplo, caixas d’água, barris, tambores tanques e cisternas, devidamente fechados. Além de não deixar água parada em locais como: vidros, potes, pratos e vasos de plantas ou flores, garrafas, latas, pneus, panelas, calhas de telhados, bandejas, bacias, drenos de escoamento, canaletas, blocos de cimento, urnas de cemitério, folhas de plantas, tocos e bambus, buracos de árvores, além de outros locais em que a água da chuva é coletada ou armazenada”, aconselha.<br />“E, como a proliferação do mosquito da dengue é rápida, além de iniciativas governamentais, é importante que a população também colabore para interromper o ciclo de transmissão. Para que se tenha uma ideia, em 45 dias de vida, um único mosquito pode contaminar até trezentas pessoas”, ressalta.<br />Cunha afirma que o ovo do mosquito pode sobreviver até 450 dias, mesmo se o local onde foi depositado estiver seco. “Caso a área receba água novamente, ele ficará ativo e pode atingir a fase adulta em um espaço de tempo entre dois a três dias. Por isso, é importante eliminar água e lavar os recipientes com água e sabão”, alerta.<br />Segundo o professor, a região central do estado de São Paulo passa por uma epidemia em várias cidades. “Na nossa região, várias cidades estão em estado de alerta. São José do Rio Preto também passa por uma situação muito grave”, conta.<br />De acordo com ele, “a forma mais importante de conscientizar a população é fazer com que todos tenham que ajudar na limpeza de terrenos, quintais e áreas onde possam existir as larvas do mosquito. São ações diárias, com grande responsabilidade como cidadão, que as pessoas, juntamente com as prefeituras, podem reduzir esse grave problema de saúde pública, que infelizmente acaba custando muito caro, não só economicamente, mas nas vidas humanas”.</p>