<p style="text-align: justify;">“A saúde de Araraquara está na UTI”. Com esta afirmação Édio Lopes (PT) justifica a entrada de mais uma representação apresentando a “situação caótica” da Saúde de Araraquara ao Ministério da Saúde e ao Ministério Público (MP). A nova investida deu-se pelos acontecimentos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) central durante o feriado de 1º de maio e no dia seguinte.<br />O vereador conta que “tenho dado incertas e, todas as vezes, verifico a mesma situação: filas enormes e horas de espera, principalmente pela falta de pediatras”. De acordo com ele, “é triste e revoltante ver o desespero de mães e pais com seus filhos desfalecidos no colo à espera de um atendimento que não vem”. Para ele, “só recorrendo à Justiça e ao Ministério da Saúde para tentarmos uma solução para esse verdadeiro caos; a população de Araraquara não merece isso”.<br />No início da noite de quinta-feira, 2 de maio, Édio foi chamado à UPA central e “encontrei mais de 30 crianças esperando atendimento desde a tarde; isso sem contar idosos e outras pessoas”. Segundo ele, “a realidade nos mostra uma cidade desestabilizada, onde a sociedade está sendo desrespeitada e desassistida em uma área tão essencial como a saúde. É vergonhoso ver nossas crianças, idosos e a população em geral penando nas UPAs por falta de atendimento, falta de profissionais, falta de remédio”.<br /><br /><strong>Revolta e mobilização</strong><br />Segundo a assessoria de imprensa do vereador, revoltada, após aguardar mais de três horas com a filha Ana Cecília, de 3 anos, no colo e sem lugar para sentar, Adriene Kátia Savozoni Morelato e outros 30 pais e mães acionaram a Polícia Militar (PM) e lavraram um Boletim de Ocorrência (BO), que será encaminhado por Édio Lopes ao MP e ao Ministério da Saúde com a solicitação de providências urgentes.<br />Adriene relata que “às cinco horas da tarde, falaram pra gente que estava na hora da troca do plantão e que às sete da noite o pediatra chegaria”. Porém, às 19h30 a situação continuava a mesma. “Os funcionários disseram que não ia ter pediatra porque todos pediram demissão e que só tinha uma clínica geral para atender todo mundo”, afirma.<br />A mãe conta que após a chegada da polícia a história mudou. “Para os pms, disseram que o pediatra estava entubando uma criança e a gente teria que assinar um termo de responsabilidade para ele vir nos atender. Mas já fazia quase quatro horas que ele estava entubando aquela criança, era mentira”, diz.<br />Édio confirma. “Quando cheguei, os servidores me contaram que não tinha pediatra mesmo e que já foram até ameaçados de morte por não conseguiram atender tantas crianças que necessitam. Me rogaram para fazer alguma coisa para resolver a situação. Nem os trabalhadores agüentam mais tanta pressão e descaso”, declara.<br />Outra reclamação dos usuários é que quando procuram a Unidades Básicas de Saúde (UBSs) nos bairros, a orientação é procurar a UPA. “Só que quando chegam na UPA, ante a falta de médico, estrutura precária e as péssimas condições, os funcionários da UPA mandam de volta para as Unidades Básicas”, frisa o vereador.<br /><br /><strong>Representação</strong><br />Durante a semana, a bancada do PT na Câmara Municipal protocolou representações no Ministério da Saúde e no MP para denunciar os problemas. Os argumentos são o “descumprimento de diversos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde para funcionamento das UPAs e das Salas de Estabilização, e as cinco obras de unidades de saúde a serem realizadas com verba do Governo Federal que estão paradas”.<br />Conforme a representação, as duas UPAs foram construídas com verba federal e recebem custeio mensal condicionado ao funcionamento 24 horas nos 7 dias da semana, disponibilização de Raio X, eletrocardiografia, pediatria, laboratório de exames e leitos de observação. Segundo Édio, os exames estão sendo realizados no Hospital Estadual de Américo Brasiliense (HEAB) “e demoram até oito horas para retornarem”.<br />Segundo Édio, “a Prefeitura recebe a verba mensal de custeio, mas não cumpre a exigência do Ministério de garantir um número mínimo de médicos por plantão e, obrigatoriamente, ao menos um pediatra em cada unidade; a Prefeitura de Araraquara assumiu esse compromisso”.<br />Por conta destes e outros problemas, como as salas estabilização fechadas no período noturno e obras paradas, Édio, que é líder da bancada petista, anuncia um amplo debate sobre o tema para o próximo 24 de maio, às 19h, na Câmara Municipal. De acordo com Édio, “inclusive, estamos convidando representantes do Ministério da Saúde para discutir os problemas; o povo espera isso de nós vereadores”.</p>