Edinho defende Represa das Cruzes como símbolo de Araraquara

01/06/2011 - 03h43

A recuperação do Ribeirão das Cruzes deve ser a prioridade entre as ações de resgate dos mananciais do município. A afirmação é do deputado estadual e ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), que participou, na segunda-feira (30), da abertura do 1º Ciclo de Debates sobre o Meio Ambiente, Consciência Ambiental e Sustentabilidade. O evento, realizado pelo Sistema Integrado de Comunicação Montoro (SIM), em parceria com a Unip, vai até amanhã, no auditório da universidade.
Além de Edinho, a primeira rodada de debates contou com a participação do prefeito Marcelo Barbieri e dos deputados estadual Roberto Massafera e federal Dimas Ramalho. O jornalista José Carlos Magdalena, diretor de jornalismo da Rádio Morada do Sol e do Simnews, atuou como mediador. Aberto a alunos da Unip e à população, o evento conta também com a participação de ambientalistas e autoridades ligadas ao legislativo e ao poder judiciário. 
Edinho ressaltou a necessidade de manutenção de norma estabelecida no Plano Diretor, aprovado em sua gestão como prefeito, que impede edificações numa faixa de 100 metros de cada lado dos rios e córregos de Araraquara. A defesa da lei deve-se ao fato de a extensão do limite de proibição de edificações ter sido questionado pelo mediador Magdalena, que a considera exagerada. 
A faixa, conhecida como APP (Área de Proteção Permanente), foi estabelecida como forma de permitir a recuperação da mata ciliar ao longo dos mananciais da cidade. “A recuperação da vegetação impede o assoreamento das margens e evita o despejo de lixo e entulho no leito dos nossos rios e córregos”, disse Edinho. 
O parlamentar lembrou que a principal questão do meio ambiental é a falta de conscientização das pessoas para a gravidade do problema. “O debate deve ser feito sobre o atual modelo de consumo que temos, pois as pessoas não despertaram, ainda, para o fato de que os recursos naturais são esgotáveis”.
Para Edinho, Araraquara precisa trabalhar para recuperar seus mananciais e, ao mesmo tempo, realizar políticas de conscientização de seus cidadãos visando estabelecer uma cultura de respeito e proteção ao meio ambiente. No caso dos mananciais, especificamente, lembrou que, no passado, a ocupação desordenada da área urbana comprometeu a vida de rios e córregos. 
“Hoje, o ribeirão das Cruzes é um arremedo do que foi há 30 anos, mas ainda podemos recuperá-lo, entretanto, devemos manter a APP como estabelecida no Plano Diretor”, disse. Edinho enfatizou que o ribeirão já foi responsável por 60% da água consumida na cidade e que recuperá-lo é importante como forma de proteção ao Aquífero Guarani, reserva de água subterrânea que tem uma extensa faixa em Araraquara.
“A represa das Cruzes sempre foi um símbolo das águas de Araraquara e deve ser recuperada para voltar a abastecer a cidade, além de ganhar, outra vez, sua condição de cartão postal que teve durante tanto tempo. Sua recuperação possibilitará que a cidade mantenha o Aquífero Gaurani como uma reserva estratégica para as futuras gerações”. 
O prefeito Marcelo Barbieri disse também acreditar que a conscientização da comunidade é a única forma de proteger os recursos naturais. Ele destacou avanços conseguidos por Araraquara com as APPs, que estão possibilitando a recuperação de 12 mananciais, e com a coleta seletiva de lixo. Implantada no governo Edinho, a coleta seletiva é realizada em 100% da cidade e permite a reciclagem de cerca de 40% do lixo urbano. 
O deputado Roberto Massafera disse que as APPs poderiam respeitar as características geológicas de cada região da cidade em relação à largura da faixa impeditiva de edificações, mas observou que, pelas condições em que se encontravam os mananciais da cidade, a metragem estabelecida no atual Plano Diretor foi necessária. “É preciso ter em mente que proibir uma construção não é impedir o progresso, devemos nos adequar à natureza e não o contrário”. 
O 1º Ciclo de Debates sobre o Meio Ambiente, Consciência Ambiental e Sustentabilidade tem sequência hoje, a partir das 19h30. Estão confirmados como debatedores o promotor do Meio Ambiente, José Carlos Monteiro, o secretário municipal do Meio Ambiente, Genê Catanozi, o gerente regional da Cetesb, José Jorge Guimarães, e o gestor de projetos da Cooperativa Acácia, responsável pela coleta seletiva na cidade, Davi Teixeira Filho. O ciclo termina amanhã, com a participação de técnicos das empresas Cutrale, Iesa e Lupo, que vão falar das principais ações de cada companhia voltadas à preservação ambiental.