Monte Alegre testa Rádio Comunitária

20/08/2013 - 02h43

Diante das manifestações expostas pela política e pelo Ministério Público do Trabalho que envolvem a Maternidade Gota de Leite e a mim, sinto que este é o momento de dialogar com a população e expressar o meu posicionamento sobre o assunto.

Como sabem, sou médico cirurgião-pediatra e exerço a profissão há 35 anos, dos quais 31 deles em Araraquara. Nunca fui político e nem participei de qualquer disputa eleitoral. Sou servidor público municipal e fui transferido para a Gota de Leite a partir de sua reabertura, com a missão de fazer o hospital funcionar. Hoje, ocupo um cargo de confiança e exerço a função técnica de gerenciar o hospital e liderar um projeto que tem como único objetivo prestar um atendimento de qualidade às mulheres e crianças que usam a rede de saúde de nossa cidade e de nossa microrregião.

Entretanto, nos últimos meses, tenho sido citado em uma série de acusações que, em momento algum, leva em consideração a importância do serviço público prestado na Gota de Leite.

Sei que a Gota de Leite era um projeto de campanha do atual prefeito e não estou aqui para julgar quem abriu ou quem fechou a Maternidade, neste ou em outro tempo. Meu compromisso não é político, é com a população, com os funcionários da Gota e, principalmente, com as mulheres e seus filhos que utilizam o hospital.

Como médico e superintendente da Gota conheço a administração do hospital, conheço nossas dificuldades, conheço nossas necessidades, nosso cotidiano, e avalio que a melhor forma de administrar a Gota é mantendo o atual modelo de gestão, que não seja o de concurso público.

Fui citado moralmente por defender uma opção administrativa e isso está sendo explorado politicamente sem considerar quais são as reais necessidades para o funcionamento adequado do hospital.

Peço que o foco desta discussão não seja político, mas sim que leve em conta o serviço prestado na Maternidade e o quanto ela é importante para a cidade.

Estou tranquilo em relação ao trabalho que está sendo desenvolvido na Gota. Vejo no contato diário com as pessoas atendidas no hospital a satisfação de terem sido acolhidas na Maternidade. Existem pesquisas que demonstram que 89% da população aprovam os serviços prestados. Isto orgulha a direção e todos que trabalham no hospital.

A Gota de Leite está aberta à população, as contas são públicas e foram entregues a todos que solicitaram, não existe má-fé, os balancetes comprovam nossa lisura frente à administração. O custo da Maternidade não é alto, e sim o necessário para a manutenção do serviço de excelência prestado aos usuários SUS. E o número de funcionários atende às exigências que o Ministério Público fez quando o hospital foi reaberto.

Por fim, é importante que se esclareça à população que, na minha opinião, até mesmo pela experiência que adquiri em todos esses anos de profissão, se qualquer uma das ações propostas por meios políticos ou pelo procurador do Trabalho for acatada pela Justiça e a Gota for condenada, certamente todo o serviço prestado à população estará correndo risco. Todo o investimento público, todo o trabalho e dedicação dos funcionários, todo amor pela Gota serão em vão, pois a Fundação não terá meios para arcar com os custos, tendo em vista que o hospital não tem fins lucrativos e seus procedimentos são pagos por meio da tabela SUS.


Carlos Fernando Camargo

Superintendente da Maternidade Gota de Leite