Show musical reúne talentos para homenagear José Roberto Tellaroli

21/08/2013 - 05h19

Homenagem

Na quarta (21) o Teatro Municipal recebe o show musical “Poeta das Vilas”, em homenagem ao araraquarense José Roberto Tellaroli, poeta e sambista falecido em 1981. A apresentação será às 20 horas e os ingressos já podem ser trocados no Teatro por dois quilos de alimentos não perecíveis.

Além do show “Poeta das Vilas”, o evento marca o lançamento do CD homônimo que homenageia o araraquarense José Roberto Tellaroli, com venda no local. Para a homenagem, artistas de Araraquara e São Paulo se reúnem a fim de lembrar o temperamento alegre e boêmio de Zé Roberto nos 196 anos da Morada do Sol.

De Araraquara participam: Seresteiros, Meninos da Vila Harmonia, Spiga (Pedro Paulo Zavagli), Bagdá (Valcir Lima) e Silvinha Haddad; já de São Paulo, apresentam-se: Lilian Estela, Sandra Nunes, Sérgio Turcão e Rogério Noia.

No CD, gravado entre maio e julho deste ano, constam as canções: “Que nem chaminé”, com Spiga; “Procura” e “Dívida”, com Sérgio Turcão; “Espera”, com Meninos da Vila Harmonia; “Solidão”, com Os Seresteiros; “Como é bom”, com Lilian Estela; “Noite de Carnaval”, com Barão do Pandeiro; “Pra informar”, com João Borba; “Outubro 17”, com Rogério Noia; “Coberta de pobre”, com Silvinha Haddad; “Loucura”, com Maria Alcina; “No dia em que eu me for”, com Ibys Maceioh; “Vila”, com Bagdá (e Tellaroli na voz de abertura); e “Poeta das Vilas”, com Rogério Noia e Sandra Nunes.

Para o show no Teatro, cada intérprete fará duas apresentações individualmente, sendo que no final todos cantam juntos.

O show musical “Poeta das Vilas” é uma realização do Rogério Noia Produções, com apoio da Prefeitura de Araraquara (Secretaria Municipal da Cultura e Fundart) e apoio cultural do Castelinho Materiais para Construção. Os ingressos podem ser trocados de segunda à sexta-feira, das 13 às 17 horas. Mais informações podem ser obtidas pelo fone 3336-5183.

Roberto Tellaroli - José Roberto Tellaroli nasceu em Araraquara, no então bairro proletário Vila Xavier, no dia 17 de fevereiro de 1947, uma segunda-feira chuvosa de carnaval. Desde criança gostava muito de samba, ouvia em uma velha vitrola que havia em sua casa velhos discos de Orlando Silva, Noel Rosa, Ataulfo Alves, Silvio Caldas, interpretando velhos clássicos da música popular brasileira.

Segundo depoimento do compositor, com 12 ou 13 anos de idade, junto com a molecada da Colônia Paulista, um aglomerado de casas humildes, próximo à Igreja de Santo Antonio, onde moravam ferroviários, saía batucando pelas ruas com instrumentos improvisados – um balde velho servia como um surdo, uma caixa descartada de charuto fazia as vezes de pandeiro, um litro velho de óleo, desses que não existem mais, era um agogô – em troca de um guaraná, um pedaço de bolo e , mais que tudo, da carinhosa recepção dos moradores da Vila. Do amor e profunda identificação que sentia pelo lugar em que nasceu e viveu sua infância e juventude, surgiu a composição “Vila”, com a qual alcançou o 2º. lugar no 1º Festival Araraquarense da Canção, em 1970.

A partir daí Zé Roberto ou Berto, como era chamado pelos mais íntimos, tornou-se mais conhecido na cidade onde nascera. Compôs seu primeiro samba aos 14 anos de idade, mais como uma brincadeira do que como algo feito “a sério”, mas são da década de 1970 muitas de suas belas canções, algumas em ritmo mais lento e dolorido, como “Solidão” ou “Espera”, outras com ritmo mais ágil e arrebatador, como “Que nem chaminé” ou” Pra não ver você partir”. Sempre acompanhado de uma caixa de fósforos, na qual batucava o ritmo das composições, nunca tocou outro instrumento; compôs mais de 30 canções, com as quais conquistou merecida popularidade; poeta sensível e inspirado, aproximou-se em seus temas dos dilemas da vida do homem comum, suas dores e sofrimentos; jamais esquivou-se, todavia, de tocar, com aguda veia crítica, em questões políticas e sociais que atingiam duramente o Brasil dos negros anos da ditadura militar.

Autor de inspiração fecunda, compôs também vários poemas e algumas narrativas curtas e peças dramáticas. Apreciava muito explorar o veio lúdico da palavra, tendo escrito várias peças de cordel, poemas satíricos e humorísticos. De temperamento livre, contestador e irreverente, improvisava quadrinhas cômicas em que brincava com os dogmas da religião, da política, dos costumes. Pode-se afirmar que a feição rica e delicada de seus versos e a amplitude de seus temas faz dele mais do que um poeta local, pois suas canções falam ao homem de todo lugar, de qualquer tempo.

De vida tempestuosa, o poeta nunca deixou de acreditar na bondade dos homens e na beleza da vida, como bem comprova o amor que nutria pelas crianças, o carinho que tinha pelos seres vivos, plantas e animais, a ternura com que tratava a todos de seu convívio.

Morreu no dia 22 de agosto de 1981, dia de festa, coerente com seu temperamento alegre e boêmio. Sentiu-se mal em um espetáculo de comemoração pelo aniversário de Araraquara; foi sua última apresentação. Sempre pediu que não chorassem por ele ao partir, pois viveu a vida que escolheu viver e desejava que para todos a vida continuasse, festiva e generosa.


SERVIÇO:

Programação dos 196 anos de Araraquara apresenta:

“Poeta das Vilas” – homenagem a José Roberto Tellaroli,

Local: Teatro Municipal (Av. Bento de Abreu, s/nº - Fonte Luminosa)

Data: quarta-feira (21 de agosto)

Horário: 20 horas


Entrada gratuita – lugares limitados (os ingressos já podem ser trocados no Teatro por dois quilos de alimentos não perecíveis)