Êxodo rural e destruição do patrimônio histórico avança em Bueno de Andrada

Trabalhadores rurais foram despejados da colônia em fazenda centenária no distrito rural de Araraquara e as casas vem sendo demolidas

18/02/2014 - 03h59

Bueno de Andrada

Hoje de propriedade privada, a fazenda Periquito em Bueno de Andrada, único distrito rural de Araraquara, pertenceu ao Major Antonio Joaquim de Carvalho e foi adquirida no auge do café que era escoado estratégicamente pela estação feroviária no distrito. Das quarenta famílias residentes na colônia, boa parte já foram desempregados e estão deixando o lugarejo. A previsão é que até o mês de março todas as famílias estejam despejadas e a colônia de casas que conta com uma capela, sejam completamente dezimadas da história. 

Sem outra alternativa, a migração das famílias locais para a cidade em detrimento da escassez de trabalho no campo está ligada a crescente mecanização da colheita de cana-de-açúcar na macrorregião e a proibição da queima da palha da cana como fator determinante para que os trabalhadores rurais, geralemnte com pouca escolaridade, sejam mandados embora à própria sorte. 

Conforme as famílias estão deixando as suas casas geminadas, as mesmas são demolidas para evitar invasões. 

A lei municipal n° 6055 de 10 de outubro de 2003, dispõe sobre a criação do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Arquitetônico, Pelentológico, Etnográfico, Arquiviístico, Bibliográfico, Artístico, Pisagístico, Cultural e Ambiental do Município de Araraquara – COMPPHARA e dá outras providências, como órgão colegiado, consultivo, de assessoramento e deliberativo no âmbito de suas competências, onde constituem seus objetivos principais, a adoção de todas as medidas para a defesa do patrimônio histórico, artístico e cultural do município, cuja conservação se imponha em razão de fatos históricos, de seu valor folclórico, artítico, documental ou cultural, bem como dos recantos paisagísticos, que mereçam ser preservados, que inclui deliberar sobre o tombamento de bens móveis e imóveis, assim como deliberar projetos de conservação, restauração e aproveitamento turístico e cultural. 

Na contramão desses preceitos e do bom senso, a colônia de casas situada a 9 km da estação ferroviária de Bueno de Andrada, como alternativa plausível, teria funcionalidade adequada para utilização na formatação da cadeia produtiva do turismo rural, como meio de hospedagem para pousada, o que viria agregar valor ao desenvolvimento sociocultural e economico sustentável dessas famílias, entendendo-se o turismo como um fenômeno multiplicador de postos de trabalho e sinônimo de progresso como essência da perene contrapartida, que inclui o artesanato, a gastronomia, pontos para visitanção turística e modalidade esportiva de aventura, alicerçados em treinamento de mão-de-obra para promover a capacitação profissional no setor de turismo rural para atender turistas e visitantes que desejam ficar mais de um dia na localidade em meio a natureza oferecida pelo campo.