Fotógrafo: João Carlos
30/04/2014 - 02h16
Isabel Cristina de Souza Ortega é professora de história da rede pública estadual da cidade e sabe da importância da formação do aluno para o futuro. Ela integra a lista dos educadores envolvidos com o Parlamento Jovem, da Escola do Legislativo da Câmara de Araraquara, que começaram nesta terça-feira o curso de capacitação com o objetivo semear esse conhecimento aos 1,9 mil estudantes das escolas municipais, estaduais e também particulares.
“É importante a conscientização e politização dos alunos para eles se verem como cidadãos. A partir do momento que eles conhecem a política, a Câmara Municipal, eles sabem onde são feitas as leis e podem reivindicar seus direitos”, diz a professora durante a primeira etapa voltada aos educadores. Esse ciclo tem dezesseis horas divididas em quatro módulos: poder legislativo, inclusão, relações étnico-raciais, além de diversidade sexual e gênero.
O conhecimento adquirido aqui será repassado aos alunos em uma semente plantada pelo Legislativo buscando cidadãos mais conscientes no futuro. “Isso mostra que o Legislativo tem uma função educativa na sociedade. Uma função que relegitima esse poder diante da sociedade a começar pelos educadores que compreendendo essa missão e essa importância passem a transmitir de uma maneira ética suprapartidária a política como um conteúdo para a nossa vida em democracia, diz o cientista político Humberto Dantas.”
Essa parceria envolvendo as redes de ensino foi assinada durante um rápido ato na Câmara Municipal. Cada representante fez questão de ressaltar a necessidade de uma formação dos futuros eleitores sem confundir política com o sistema político que o Brasil possui. Para o presidente da Câmara, João Farias (PRB), o Parlamento Jovem encerra o ciclo de objetivos para a sua consolidação. “O desafio era envolver as escolas a participar do projeto para que as crianças e adolescentes entendam a importância da política e conheçam seus instrumentos.”
Já a presidente da Escola do Legislativo, a vereadora Edna Martins (PV), ressalta a necessidade da conscientização. “Estamos fazendo uma edição nova do Parlamento Jovem pelo seu formato trabalhando em parceria com os órgãos de educação. Estamos capacitando os professores e, em seguida, iremos até as escolas dizendo o que é política, como se faz e como reivindicar os nossos direitos”, frisa Edna lembrando que essa semente dê bons frutos no futuro com a democracia e com Araraquara.
E o programa é bem mais extenso. Com essa orientação universitária, os estudantes elaborarão em outubro projetos de lei durante o período de aula. No mês seguinte, haverá duas seleções dos projetos fora e também dentro aqui da Câmara. Serão 18 projetos com dois alunos cada. O titular será o vereador que defenderá sua ideia de lei aqui no plenário. “É importante essa participação como cidadão neste despertar como político e ser entendedor dos seus direitos”, destaca a secretária municipal de educação, Arary Ferreira.
A expectativa nas escolas estaduais é poder inserir os jovens nesse contexto político. Representante a diretoria de ensino, Eguyar Ferreira de Souza Sudati, acredita que o objetivo é com que os mais de 1,2 mil alunos tenham esse posicionamento crítico e aprendam sobre a rotina do Legislativo. “O projeto é trazer o aluno para dentro da política de uma maneira geral e temos que passar que é importante. Eles terão uma visão mais crítica e olharão tudo com outros olhos”, lembra a diretora pedagógica do Colégio Objetivo, Alessandra Ferrari Barbieri.
Visão semelhante tem a coordenadora de ensino fundamental e médio do Colégio Pueri Domus, Maria Izabel da Costa Lorenzetti. “Queremos aproximar para esse grupo de alunos que muitas vezes se afastam e para esse jovem como ser social e que daqui alguns anos irá votar é de fundamental importância ter conhecimento da política.” Mas esse processo, segundo o cientista político Humberto Dantas, ainda vai demorar um pouco. “Para o jovem basta que o conteúdo apareça para ele mergulhar. Assim, a gente consegue em trinta anos mudar o País.”