O peso do QI na recolocação profissional

"Você é quem você conhece, não o que você faz." (Azalba)

29/07/2011 - 17h59

Já engordei as estatísticas do desemprego há alguns anos. Eram tempos em queatuava como executivo, ocasião na qual conheci o trabalho das empresas derecolocação profissional.
Foi quando aprendi a preencher adequadamente um currículo, além de serorientado sobre como me portar em entrevistas. Também passei horasanalisando companhias diversas, escolhendo aquelas nas quais gostaria detrabalhar para, ato contínuo, enviar-lhes meu precioso portfólio, agoramaquiado e vitaminado, na expectativa de ser convocado.
Ledo engano. Já naqueles tempos, início dos anos 1990, os processos derecrutamento estavam mudando. Currículos aleatoriamente enviados pelocorreio ou preenchidos pela internet podem se configurar em pura perda detempo. Tornam-se lixo, físico ou eletrônico, antes mesmo que alguém leia onome do remetente.
Pesquisa realizada em abril de 2011 pela Catho Online, com participação de46.607 profissionais, indicou que 59,4% dos cargos foram preenchidos combase no QI do candidato. Não estamos falando do famigerado "quociente deinteligência", mas, sim, do "quem indicou". Networking, relacionamento,estas são as palavras de ordem. Há até quem opte por mudar de emprego graçasà confiança depositada em quem lhe fez a indicação. Esses fatos levam-nos aalgumas reflexões.
Sempre recebo mensagens de leitores comentando sobre sua insatisfação com aempresa em que trabalham. As queixas vão da falta de reconhecimento eausência de desafios à baixa remuneração e inexistência de plano decarreira, passando inexoravelmente por problemas de relacionamentointerpessoal, seja junto à direção, seja com os próprios colegas. 
Estes profissionais vislumbram como única solução pedir demissão e buscarnovos horizontes, como se o ambiente fosse a origem de todos os males,acreditando que em outra corporação os mesmos dissabores não acontecerão.Pior, há aqueles que optam pelo desligamento sumário da companhia, passandopor uma semana de regozijo até caírem em si e na realidade de que nosassuntos relacionados ao dinheiro, como diria Victor Hugo, é preciso serprático. 
Diante dos fatos, alguns cuidados devem ser tomados para que uma propostapretensamente interessante não se apresente como uma armadilha:
1. Cheque a oportunidade de trabalho. Verifique se a mesma é concreta e,mais ainda, permanente. Pode tratar-se de uma posição temporária e que nãolhe garantirá estabilidade.
2. Pesquise a empresa. A internet é fonte inesgotável de informações. Acesseo site da empresa e, depois, os buscadores, para obter mais informaçõessobre o perfil da companhia e sua posição relativa no mercado. Dê especialatenção aos valores declarados pela organização a fim de observar se estãoalinhados com seus valores pessoais.
3. Dissocie relações afetivas e profissionais. Se a indicação dada foipositiva, ótimo. E fim da história! Não convém associar o nome da pessoa querecomendou você ou lhe sugeriu a vaga durante o processo seletivo ou mesmoapós o término deste. Seja grato, mas seja independente.
4. Prefira o pouco certo ao muito duvidoso. A menos que você disponha de umaboa herança ou alguém que lhe sustente, abdicar de uma remuneração lhe trarámais preocupação, angústia e ansiedade. Peça demissão somente após terfirmado sua recolocação. 
5. Caia fora na hora certa. Isso não é um jogo de pôquer, mas é um jogo. Sea proposta de trabalho não corresponder às promessas feitas ou não atenderaos seus anseios, prepare sua saída o quanto antes evitando prolongar suainsatisfação.
Recorde-se sempre da importância do networking. Na Era da Integração, nummundo sem fronteiras e regido pela conectividade, não são dados ouinformações, máquinas e tecnologia, que fazem a diferença. São pessoas. Emais do que isso, relacionamentos. Prova disso é que a mesma pesquisamencionada no início do artigo indica que mais de 70% dos desempregadosutilizam sua rede de contatos networking como meio de procura de emprego.
Analogamente, 75% das empresas utilizam como instrumento para divulgação devaga a indicação de pessoas de dentro e de fora da corporação.
Por isso, cultive o hábito de conversar com estranhos, pessoas que lheavizinham num saguão de aeroporto ou numa simples fila no cinema ou nobanco. Frequente outros ambientes, seja um restaurante, um bar ou um museu,e converse com quem lhe rodeia. E lembre-se sempre de portar cartões devisita. Destas relações fortuitas, pode surgir um novo curso em sua vida.