Número é devido à taxa de mecanização da colheita, que é de 65,2%. Setor deixou de emitir 19,4 mi de toneladas de GEE
30/03/2012 - 01h47
"A dona de casa do interior de São Paulo tem motivos para rir a toa. Os trabalhadores do campo estão ainda mais felizes". A frase é do secretário estadual do Meio Ambiente, Bruno Covas, que divulgou esta semana o balanço do Protocolo Agroambiental do Setor Sucroenergético 2011/2012, que aponta que o São Paulo está próximo do fim da queima da palha da cana. Um exemplo de desenvolvimento sustentável. Ganhos ambientais, por meio da melhoria da qualidade do ar e diminuição da poluição, e expansão da produção e geração de empregos, com aumento salarial e das condições de trabalho.
A realidade nos canaviais paulista está mudando. O impacto social do Protocolo é grande. O balanço da safra 2011/2012 aponta 14% de aumento dos postos de trabalho na colheita da cana, com ganhos na qualidade das condições de trabalho e incremento na renda dos trabalhadores. Dos 103.893 em 2006/2007, hoje são 118.700.
Nesse período, a mecanização da cana saltou de 34,2% para 65,2%. Ao todo, 2.890 colhedoras de cana estão em operação no Estado. A queima deu lugar a mecanização. O trabalho insalubre ao qualificado.
O número de trabalhadores mais capacitados deu um salto de quase quatro vezes. Em 2006/2007, quando o Protocolo foi firmado, eram 15.060 trabalhadores qualificados. Hoje, são 56.829. Muitos dos cortadores foram aproveitados e hoje são operadores de colhedoras e de transbordo, tratoristas, mecânicos e motoristas.
Além das melhoras nas condições de trabalho, os trabalhadores sentiram no bolso os avanços do setor. O menor crescimento de salário foi de 28%. Para tanto, Governo do Estado e iniciativa privada investiram na capacitação profissional, por meio das ETECS, FATECS, SENAI e das próprias usinas.
Os dados foram comemorados pelo secretário Bruno Covas. “O foco do governo é o desenvolvimento sustentável. O equilíbrio entre justiça social, crescimento econômico e preservação ambiental. Com o Protocolo, estamos avançando e todos estão ganhando. O meio ambiente com a redução da emissão de poluentes e a produção de energia limpa. A população com saúde pública, emprego e renda. Além do setor sucroenergético com o reconhecimento de um produto sustentável”, afirmou.
Mecanização
A mecanização da colheita da cana-de-açúcar avançou e atingiu 65,2% da área colhida no estado de São Paulo, na safra 2011/2012.
Os números foram calculados com imagens de satélite, compilados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e divulgados pelo secretário estadual do Meio Ambiente Bruno Covas.
Dos 4.796.140 ha de cana colhidos na safra do ano passado, 3.125.619 ha, ou seja, 65,2% foram colhidos mecanicamente. O restante 1.670.521 ha, 34,8% do total, ainda utilizou a técnica com fogo.
Os dados do Protocolo Agroambiental do Setor Sucroenergético apontam que o estado inverteu o quadro em cinco anos. Desde 2007, quando a proposta foi assinada entre o setor canavieiro e o Governo do Estado de São Paulo, a mecanização passou de 34,2% para 65,2% da área colhida, frente 65,8% de área queimada para 34,5%.
Agricultura sustentável
A população paulista já observa as diferenças. Melhora na qualidade do ar, queda de poluição, menos problemas respiratórios no inverno e o fim dos “ciscos pretos” nos quintais das residências.
As usinas, pelo acordo assinado com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SMA) e Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), assumiram diversos compromissos para implantar uma cadeia verde no processo industrial. Entre eles, o fim da queima para 2014 nas áreas mecanizáveis e, em 2017, nas áreas não mecanizáveis.
Com a mecanização, 4,5 milhões de hectares deixaram de ser queimados no estado desde a safra 2006/2007. Com isso, o setor deixou de emitir 16,7 milhões de toneladas de poluentes. Além disso, outros 2,7 milhões de toneladas de CO2 não foram emitidos. O resultado é o equivalente a retirada de circulação de 47.128 ônibus por ano em uma grande cidade.
Mas não é só a mecanização da colheita que avançou com o Protocolo Agroambiental. O setor é responsável pela recomposição de 269.977 ha de mata ciliar. O consumo de água nas agroindústrias também reduziu drasticamente. Nos anos 1990, cinco litros de água eram utilizados para cada m³/tonelada de cana processada. Em 2011, o consumo foi de 1,45 l.
Outro dado positivo da mecanização é a geração da biomassa. Ao todo, 39 milhões de palha da cana ficam nos canaviais com potencial para gerar 19,5 bilhões de KWh por ano. Maior produtor dessa cultura agrícola no Brasil, o estado de São Paulo responde por 70% da cana no país e por 17% da produção de etanol do mundo.
Avanços nas regiões
Os índices de mecanização em algumas regiões do estado são ainda mais animadores. As regiões de Araçatuba, Barretos, Central, Franca e São José do Rio Preto apresentam os melhores resultados, com índices acima da média de São Paulo.
A cidade que mais contribui para baixar os índices de poluição com a queima da cana é Teodoro Sampaio. A taxa de mecanização na cidade é de 99%. Veja o ranking com os 40 municípios líderes em colheita crua.