18/07/2012 - 02h30
Beto Volpe, Hugo Hagström e William Amaral fazem tratamento contra a aids há vários anos. Em entrevista à Agência de Notícias da Aids, eles mostraram opiniões diferentes sobre o uso do antirretroviral Truvada para prevenção do HIV, mas concordaram que o preservativo ainda é o melhor método de prevenção do vírus.
Nesta segunda-feira, 16 de julho, a Agência Federal de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos anunciou a aprovação do Truvada, do laboratório Gilead Sciences, como primeira pílula para ajudar a prevenir o HIV.
Um dos fundadores do Grupo Hipupiara de São Vicente, Beto Volpe acredita que o surgimento do coquetel antiaids já fez com que a população se preocupasse menos com o HIV e um medicamento de prevenção só banalizaria ainda mais a doença. “O uso do Truvada deveria ser controlado por especialistas e não acessível para qualquer pessoa”, comentou.
Beto ressalta também que como é possível viver mais tempo com aids, muitas pessoas têm uma falsa impressão sobre os efeitos cotidianos da doença. “Acabei de participar de um encontro, onde 70% dos participantes têm o vírus há mais de 20 anos, e a maioria reclama de problemas relacionados à aids. Não podemos nunca esquecer da gravidade desta doença”, completa.
Já Hugo Hagström, do Grupo de Incentivo à Vida (GIV), disse que, caso o governo brasileiro adote esta liberação, o receio das pessoas à doença seria o mesmo. “A banalização já é um fato desde o surgimento do coquetel. Não acho que vá banalizar ainda mais”, afirma. “Uma das questões que colaboram é o receio da população aos efeitos adversos. As pessoas imaginam que os medicamentos ligados ao HIV e aids são grandes monstros e teriam certo medo de ingeri-los”, completa.
O representante da RNP+ (Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e aids) no Rio de Janeiro, William Amaral, vê o uso do Truvada como mais uma forma de prevenção. “Pode ser útil para alguns casais sorodiscordantes, por exemplo... Mas as pessoas precisam saber que a proteção do medicamento não é de 100%. Então, o preservativo ainda é a melhor opção”, completa.