Fotógrafo: Sergio Pierri
10/08/2013 - 05h50
La Traviata
“La Traviata” é um título emblemático da história da ópera e foi a obra escolhida pelo Núcleo de Ópera Curta para a criação do espetáculo que chega a Araraquara integrando o programa criado pelo Governo do Estado de São Paulo, através da Secretaria de Cultura. A ópera será apresentada no Teatro Municipal na quarta-feira, dia 14, às 20 horas, com entrada gratuita. Os convites devem ser retirados na bilheteria do teatro, uma hora antes da apresentação.
O espetáculo foi construído tendo como referência a novela “A Dama das Camélias”, de Alexandre Dumas Filho e a ópera “La Traviata”, do compositor italiano Giuseppe Verdi e do libretista Francesco Maria Piave.
Em “La Traviata – a ópera contada e cantada”, Violeta Valèry, uma cortesã parisiense, apaixona-se por Alfredo e deixa tudo, indo morar com ele no interior. O pai do jovem, Giorgio Germont, a convence a abandoná-lo para preservar a honra de sua família e, com isto, garantir um bom casamento para a irmã de Alfredo. O casal se separa e, ao final, consumida pela tuberculose, Violeta morre nos braços de Alfredo recém retornado a Paris.
Com estes elementos, criou-se um espetáculo que conta esta história, preservando as principais árias e duetos da ópera, os detalhes da novela original e um pouco da imaginação do autor. Assim apresentada, esquece-se completamente dos motivos que levaram à censura da ópera à época da sua estreia.
O espetáculo propõe-se a oferecer à platéia uma visão objetiva das relações entre os personagens, provocando a reflexão a respeito dos seus próprios sentimentos e a maneira complexa como a prostituição é vista ainda hoje, sem perder de vista, é claro, o objetivo de contar a história da ópera.
A questão central passa a ser a reciprocidade do amor de Violetta e Alfredo sob o ponto de vista do pai do rapaz e sua rejeição preconceituosa à vida de Violetta. Amor e preconceito andam juntos e são temas permanentes ainda hoje.
“Este foi um trabalho muito interessante”, pontua Cleber Papa, diretor do espetáculo, cenógrafo e autor do texto. “Desde o início, tínhamos a visão de que durante o século XX, houve um afastamento dos conceitos criativos da origem da ópera e o título foi aos poucos mascarado, passando a ser enxergado como uma linda e dramática história de amor entre uma jovem cortesã, rica, linda e inteligente e um jovem herdeiro de uma família tradicional, aristocrática. Assim apresentado, esquece-se completamente dos motivos que levaram à censura da ópera à época, obrigando seus criadores a mudar o período, a promover alterações do texto. As elites do século XIX não queriam ser o modelo para aquele retrato de uma sociedade promíscua. Transformar esta história num romance entre dois jovens, separados pela família do rapaz e a morte da garota por conta da tuberculose – doença comum no período – não foi uma coisa difícil nos anos seguintes”.
Cheio de referências a pintores como Balthus, Vermeer, Van Gogh e Velazquez entre outros, o espetáculo reafirma a importância da arte como um espelho da realidade. “La Traviata - a ópera contada e cantada” foi construída para que a história seja contada por um novo personagem (não está na ópera, nem na novela “A Dama das Camélias” que deu origem ao libreto): o Pintor.
“O Pintor é um observador externo”, comenta Papa. “Várias pessoas poderiam contar esta história. O trabalho dos pintores exigia certa intimidade com seus modelos e é natural que destas relações surgissem laços que se manteriam até a entrega da obra pelo menos. A opção pelo Pintor aproveita esta proximidade tão grande que permite a idealização de um instante de uma personalidade a ser capturada no quadro. Quando Germont (o pai de Alfredo), numa das muitas citações do texto teatral, fala de Manon Lescaut, diz que ‘a vida imita a arte e a arte imita a vida’. De certo modo, faz uma referência ao Pintor e ao enigma sobre o conteúdo de sua pintura”.
“Normalmente a ópera é executada com orquestra e com piano em formatos de câmara”, comenta o Maestro Luís Gustavo Petri, diretor musical do espetáculo. “Neste espetáculo, ao optar por um quinteto de cordas para executar a música ao vivo, minha decisão foi a partir do refinamento que as cordas sugerem ao trabalharem determinadas sutilezas sonoras que estão presentes na partitura original de Verdi e que, a meu ver, são absolutamente necessárias para expressar as angústias, temores e relações entre os personagens do espetáculo”.
Com estas características, “La Traviata” oferece uma visão abrangente da ópera e, permite conhecer a fundo, como diz o Pintor numa das cenas do espetáculo, “a perturbada história de Violetta Vallery, a mais linda mulher que conheci”.
Com a pintura sempre presente através de inúmeras citações, “La Traviata – a ópera contada e cantada” é um espetáculo em preto e branco, onde a cor é o elemento de choque, de fuga da realidade, da fantasia, do idílio, da esperança, da expectativa de futuro, da vida em harmonia.
Ficha Técnica
- Um espetáculo Cia de Ópera Curta
Produção: Casa da Ópera
Execução: Instituto Pensarte
Realização: Secretaria de Estado da Cultura – Governo do Estado de São Paulo
Direção, dramaturgia e cenografia: Cleber Papa
Direção musical e arranjos: Luís Gustavo Petri
Direção artística de produção: Rosana Caramaschi
Concepção: Cleber Papa e Rosana Caramaschi
Design de Luz: Joyce Drummond
Legendas: Luana Oliveira
Violetta Valéry: Manuela Freua e Taís Bandeira
Alfredo Germont: Jean Nardoto e Gilberto Chaves
Georges Germont: Leonardo Pace e Sebastião Teixeira
Pintor: Alvise Camozzi e Marco Watanabe
Músicos: Ulisses Nicolai e José Fernandes (Violinos 1), Adonai Ribeiro e Rodrigo Leite (Violinos 2),Mauro Viana e César Pellegatti (Violas), Rossana Nicolai e Fábio Petrucelli (Cellos), Miranda Bartira e Pedro Macedo (Baixos)
Bailarino: Mário Talarico
SERVIÇO:
“La Traviata – a ópera contada e cantada”
Local: Teatro Municipal (Av. Bento de Abreu, s/nº - Fonte Luminosa)
Data: quarta-feira (14 de agosto)
Horário: 20 horas
Entrada gratuita (os convites devem ser retirados na bilheteria do teatro, uma hora antes da apresentação)