O bullying é uma patologia social que sempre existiu, mas ganhou notoriedade na mídia em decorrência de casos como Columbine e Realengo
01/06/2011 - 19h01
O bullying sempre existiu. Anos atrás as vítimas eram chamadas de CDFs,nerds ou puxa-sacos. Eram jovens que se sentavam nas primeiras fileiras decarteiras na sala de aula, prestavam atenção no professor e na matérialecionada, inquiriam e respondiam perguntas, faziam o dever de casa e,consequentemente, tiravam boas notas. O contraponto era a "turma do fundão",formada por rebeldes e descolados.
Os atos de bullying eram bem conhecidos. Desde o "corredor polonês", ondevários estudantes se enfileiravam para escorraçar o alvo com algunspetelecos, tapas e breves pontapés, a chamada "geral", até o famigerado "tepego lá fora". A opressão era mais física do que psicológica, pois oconstrangido tinha em sua defesa o fato de ser, normalmente, melhor alunoque seus agressores.
Claro que também tínhamos o assédio ao gordo, ao feio e ao varapau. Mas aquestão é que estas ações eram contidas em si mesmas. As escolas mantinham"bedéis" para colocar ordem na casa e coibir atos de violência, sem falarque ir "parar na diretoria" era temido pela maioria dos alunos.
Contudo, se o bullying ocorresse, ao chegar em casa a vítima ainda iria tercom seus pais. Alguns poderiam dizer: "Não reaja, pois não é de suanatureza", no melhor estilo "ofereça a outra face". Já outros argumentariam:
"Se apanhar de novo lá fora e não reagir, vai levar outra surra quandochegar em casa".
Mas isso tudo são histórias de 30 ou mais anos atrás, tempos em que aeducação era partilhada pela igreja, a família e a escola. A igreja católicase viu alvejada, no Brasil, pelo avanço dos evangélicos e outras religiões,de modo que passou a se preocupar mais com seu negócio do que com seusclientes. A família abandonou o modelo patriarcal, migrando para o nuclear.
Agora a mulher trabalha fora, acumulando a chamada dupla-jornada, ou seja,cuidar de seu emprego e dos afazeres domésticos, sobrando menos tempo paradar atenção aos filhos. Esta nova rotina profissional levou à desagregaçãofamiliar. Assim, a educação foi entregue à tutela quase exclusiva da escolaque, por sua vez, também se tornou um grande negócio.
Neste quadro, coloque como tempero os conflitos de valores, a influência damídia e os novos paradigmas sociais. Agora temos alunos que não respeitamprofessores, colegas e até os pais, pois têm grande dificuldade de lidar como conceito de hierarquia. O apelo ao consumo transformou pátios empassarelas, por onde desfilam roupas e celulares. Os péssimos hábitosalimentares promoveram o crescimento da obesidade contrastando com aditadura da beleza. E a cereja do bolo: a comunicação pelas redes sociaisque levam as vítimas à exposição instantânea e em larga escala.
A solução para amenizar o bullying não passa por mais regras, coerção epunição. Passa pelo resgate dos valores e a conscientização sobre o que écerto e o que é errado, tarefa esta da igreja, da família, da escola etambém da sociedade,